Capital do Peru registra filas para compra de oxigênio medicinal
29 de janeiro de 2021
O Peru ultrapassa um milhão de infecções confirmadas e registra 40.272 mortes pelo novo coronavírus. Filas são formadas para conseguir oxigênio (Reprodução)
Jennifer Silva – Da Revista Cenarium
MANAUS – O Peru voltou a enfrentar graves problemas na saúde pública devido à pandemia do novo coronavírus. Nas últimas horas, dezenas de peruanos acamparam no meio da rua para conseguirem recarregar seus tubos de oxigênio para suporte aos seus familiares e amigos infectados com Covid-19.
Uma cena dramática foi registrada ao lado da empresa Criogas, na cidade portuária de Callao. Há noites seguidas muitos cidadãos têm que dormir ao lado de seus tanques enquanto aguardam os suprimentos para oxigenoterapia. Um vídeo, publicado por um jornal local mostra, na capital do Peru, centenas de cilindros dispostos em fila, ordenados por ordem de chegada, e inscritos com os nomes dos pacientes para identificá-los.
Em meio à escassez, as famílias podem carregar apenas metade de seus cilindros (5 metros cúbicos), por 100 soles (US $ 27 o que equivalente a R$ 178,74). Em média, Criogas faz cerca de 120 recargas por dia, mas às vezes os tanques são tantos que os candidatos podem ficar dois dias esperando para obter um pouco de oxigênio.
Diante desse cenário difícil, alguns peruanos conseguem outros conhecidos para vigiar seus locais na fila durante o dia, para poder trabalhar ou cuidar dos enfermos, e depois voltam à noite para continuar esperando. Assim, as tendas, cobertores e assentos improvisados refletem como a pandemia impacta na jurisdição do país andino.
Colapso
Durante várias semanas, o Peru esteve entre os países mais afetados pela emergência sanitária, chegando a liderar o número de mortes por 100 mil habitantes. Esta situação complexa foi acompanhada pelo colapso da assistência médica, onde muitos centros de saúde estavam saturados. Atualmente, o contexto de falta de disponibilidade se repete, muitos dos pacientes que necessitam de oxigênio permanecem em casa. Além do colapso, vários pacientes não vão aos hospitais por medo de serem submetidos a novas infecções ou de encontrarem falta de suprimentos.
Dados oficiais do Ministério da Saúde mostram que a situação das Unidades de Terapia Intensiva (UTI) é alarmante: dos 1.916 leitos com respiradores disponíveis em todo o país, existem apenas 97 gratuitos. Contando-se apenas as instituições privadas, das 292 vagas restam apenas sete, com números atualizados até 27 de janeiro. Diante dessa situação geral, o Governo de Francisco Sagasti determinou o confinamento de dez regiões, inclusive Lima. A medida restritiva será aplicada de 31 de janeiro a 14 de fevereiro.
Mais de 260 médicos mortos
Enquanto isso, os trabalhadores da saúde continuam a realizar protestos exigindo melhores condições de trabalho no contexto da crise de saúde. Nessa quarta-feira, 27, a Faculdade de Medicina do Peru foi acompanhada por dezenas de fotografias em preto e branco em seu perímetro, em homenagem aos profissionais que morreram durante a pandemia. A ação para lembrar os médicos que morreram foi realizada durante uma greve nacional.
Nesse sentido, as organizações de trabalhadores da saúde registraram mais de 260 mortes entre médicos, das quais dez ocorreram em janeiro. De acordo com o último relatório do governo, o Peru ultrapassa um milhão de infecções confirmadas e registra 40.272 mortes pelo novo coronavírus.
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