Carateca brasileiro sofre discriminação em competição no Equador e é consolado por atleta amazonense

Flávio Faria foi consolado pelo companheiro de seleção Carlos Farias, após ser impedido de lutar (Reprodução)
Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium

MANAUS – O atleta da Seleção Brasileira de Caratê, Flávio Faria, de 17 anos, foi impedido de competir, nessa sexta-feira, 22, no Sul-Americano de Karatê em Guaiaquil, no Equador, após um árbitro do Uruguai notar que o jovem não tem as mãos. Aos prantos, o rapaz foi consolado pelo amazonense Carlos Farias, que pediu ao amigo que “não abaixasse a cabeça”. O caso foi compartilhado nas redes sociais pelo presidente da Federação Cearense de Caratê, Luiz Carlos Jr., que chamou o ato de discriminatório.

Flávio Faria foi consolado pelo companheiro de seleção Carlos Farias, após ser impedido de lutar (Reprodução)

Veja também: Irmãos amazonenses garantem vaga na Seleção Brasileira de Caratê e disputam Sul-Americano 2022

O episódio revoltou atletas e técnicos das federações brasileiras e das delegações dos países, que fizeram uma manifestação pacífica durante o torneio.

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A Confederação Brasileira de Caratê chegou a entrar com recurso para que o jovem pudesse lutar novamente e teve o resultado positivo. Neste sábado, contudo, a medida foi negada e o lutador Flávio Faria foi desclassificado, segundo Luiz Carlos Jr., que acompanha os representantes do Brasil no Equador.

“Hoje nosso atleta Flávio Faria foi impedido de competir pelo árbitro no campeonato Sul-Americano de Karatê por uma deficiência física na mão, algo que nunca o impediu de se destacar e competir em outros campeonatos em nível nacional e internacional. Esse tipo de atitude é absurda e precisamos que as autoridades do esporte cobrem medidas para que não aconteça nunca mais, a chance da vida de um jovem foi tirada dele por discriminação e preconceito, subam a hashtag nas redes sociais #somostodosflavinho. Podem ter impedido de competir, mas nunca vão impedir ele de vencer”, publicou Luiz Carlos Jr., no Instagram.

Luiz Carlos Jr. compartilhou o episódio nas redes sociais (Reprodução)

À REVISTA CENARIUM, Luiz Carlos Jr. disse neste sábado que, a princípio, a direção da Sul-Americana havia permitido a participação do atleta de Minas Gerais na competição, porém o conselho de árbitros foi contra a decisão e desclassificou Flávio, que já é medalhista Sul-Americano ao conquistar o bronze, em 2019, em Santa cruz de la Sierra, no Bolívia. O presidente da federação cearense informou que o carateca está recebendo apoio de colegas e amigos.

“A comissão desclassificou e isso deixou inviável a participação dele. O Brasil recorreu com um protesto, e foi informado que após a paralisação de ontem, hoje retornaria. Mas nesta manhã, não foi permitida a participação dele”, disse à CENARIUM.

A expectativa é que a Confederação Brasileira e as federações de Caratê dos Estados entrem com recurso contra a Confederação Sul-Americana de Karate (CSK) e a Liga Mundial de Caratê por infração de acordos internacionais de discriminação, afirma o presidente da federação cearense. “O esporte é algo que só vem ajudar, que abraçou um atleta com deficiência e que, quando chega num evento desse, há uma discriminação por parte de árbitros”, lamentou Luiz Carlos.

Regulamento

De acordo com o árbitro internacional e presidente da Federação Amazonense de Karatê (FAK), Washington Melo, as competições oficiais de caratê seguem um regulamento mundial, onde podem participar atletas com ou sem necessidade. Segundo ele, um carateca com alguma necessidade especial tem o direito de escolher estar ou não competindo.

“Uma seletiva nacional classifica o melhor do seu País. Flávio já é medalhista Sul-Americano e já provou, inúmeras vezes, a capacidade técnica e o potencial dele. A prova disso é que ele foi para uma seletiva e ingressou na seleção brasileira novamente, sendo consagrado titular. Qual é a incapacidade dele? Ele sabe lutar, é campeã Sul-Americano e atleta de uma seleção nacional que fez um rigorosíssimo sistema de seleção”, destacou Washington Melo.

Apoio ao atleta

À REVISTA CENARIUM, Washington Melo lamentou a desclassificação do atleta de Minas Gerais e elogiou a postura do aluno Carlos Farias, atleta da Associação Esportiva Hien Kan, de Manaus. “Esperamos que tudo seja resolvido e os nossos atletas brasileiros possam devidamente competir”, finalizou o presidente da FAK.

A Prefeitura de Passos, cidade mineira onde Flávio Faria é natural, também postou uma nota de repúdio nas redes sociais em apoio ao atleta.

Assista aos vídeos:

Carlos Farias consolando o amigo Flávio Faria (Reprodução)
Atletas brasileiros protestando após a luta de Flávio Faria ser interrompida (Reprodução)
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