Cardeal da Amazônia convoca povos originários a resistir por demarcação de terras


Por: Jefferson Ramos - Especial para a Cenarium

05 de outubro de 2025
Cardeal da Amazônia convoca povos originários a resistir por demarcação de terras
O arcebispo metropolitano de Manaus, dom Leonardo Steiner (Jefferson Ramos)

MANAUS (AM) – No dia em que a Constituição de 1988 completa 37 anos, o cardeal da Amazônia e arcebispo metropolitano de Manaus, dom Leonardo Steiner alertou, neste domingo, 5, durante o Jubileu dos Povos Originários, que setores da sociedade colocam em dúvida garantias constitucionais conquistadas pelos povos indígenas na Constituinte.

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil participou da formulação da Constituição, levando justamente a questão dos direitos dos povos indígenas e originários. E hoje estão colocando em dúvida algumas questões que estão na Constituição de 1988. Precisamos, com a ajuda deles [indígenas], permanecer firmes em relação a questões como o Marco Temporal que dificultam a demarcação de terras indígenas”, declarou à CENARIUM o religioso franciscano, que também é presidente do Conselho Missionário Indigenista (Cimi).

O cardeal da Amazônia e arcebispo metropolitano de Manaus, dom Leonardo Steiner (Foto: Jefferson Ramos)

O jubileu dos povos indígenas foi realizado pela Arquidiocese de Manaus até às 16h no Parque do Mindú, Parque 10, Zona Centro-Sul. Com o tema “Peregrinos da Esperança: Povos, Aǵua e Floresta são vidas sagradas e não mercadorias”, o evento pré-COP 30 reuniu diversos povos indígenas de variados povos.

Representantes de comunidades indígenas falaram sobre impactos ambientais e climáticos na vida diária, além de desafios de se organizar para manter e lutar por mais direitos. A integrante da organização mulheres indígenas do Alto Rio Negro, em Manaus, Isabel Dessana classifica a realização do jubileu voltado para os povos da floresta como histórico, mas também um gesto da Igreja Católica no Brasil para pedir perdão aos indígenas por erros na colonização.

Jubileu dos Povos Indígenas foi realizado pela Arquidiocese de Manaus neste domingo, 5 (Foto: Jefferson Ramos)

Penso eu, como mulher indígena, conhecedora de histórias dos povos originários, é uma das pequenas sementes que a Igreja coloca para pedir perdão aos povos originários. Esse é o primeiro passo, depois de muitos anos, de a Igreja poder nos dizer: ‘Nos perdoem porque o que fizemos com a cultura dos povos indígenas não foi correto’”, disse Isabel.

O padre indígena Justino Rezende, do povo Tuyuka, lembra que foi a partir da Constituição de 1988 que povos indígenas começaram a ser ouvidos e ganharam protagonismo na luta pelos próprios direitos.

Antes eram outras lideranças mais velhas que participavam em parceria com o Cimi, profissionais da antropologia e educação para lutar. Hoje em dia, existem várias organizações indígenas a nível local, estadual e nacional. Então, hoje, o protagonismo dos povos indígenas é mais visível e isso não significa que os nossos parceiros não indígenas nos abandonaram”, declarou.

Padre indígena Justino Rezende, do povo Tuyuka (Reprodução/Arquivo pessoal)

Entre os excessos cometidos pela Igreja Católica durante a colonização na Amazônia está a imposição do critianismo aos povos indígenas em detrimento da própria cultura durante missões jesuíticas. Por outro lado, a igreja assumiu uma posição de defesa de demarcação de terras indígenas durante a Ditadura Militar.

Jubileu da Esperança

O Jubileu da Esperança, também conhecido como Ano Santo de 2025, é um período de graça extraordinária promovido pela Igreja Católica, um tempo dedicado à renovação espiritual, à reconciliação e à vivência profunda da misericórdia divina.

Este Jubileu foi solenemente inaugurado pelo Papa Francisco em 24 de dezembro de 2024, com a abertura da Porta Santa da Basílica de São Pedro, marcando o início de um período de perdão, cura e esperança

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