Casal de São Paulo suspeito de tentar comprar bebê por R$ 500 é solto no AM

MANAUS (AM) – O casal Weslley Fabiano Lourenço e Luiz Armando dos Santos, do Estado de São Paulo, é suspeito de tráfico humano após tentar comprar um recém-nascido por R$ 500 em Manacapuru (a 80 quilômetros de Manaus), afirmou a Polícia Civil do Amazonas. Ambos foram presos na última sexta-feira, 11, e liberados no sábado, 12, após audiência de custódia. A decisão judicial foi divulgada nas redes sociais pela delegada Joyce Coelho, titular da Delegacia Especializada de Polícia (DEP) do município.

De acordo com a Polícia Civil, o caso foi descoberto após uma denúncia anônima informar que dois homens de São Paulo estavam na cidade para buscar uma criança no hospital local, após efetuarem o pagamento pelo bebê.

José Urbelan Pinheiro de Magalhães, conhecido como “Sabão”, dono de uma lanchonete em Manacapuru, é suspeito de agenciar a entrega da criança. Ele também foi preso na ocasião e, assim como o casal, liberado após audiência de custódia. A quantia de R$ 500 foi transferida via Pix a “Sabão”.

“Prisão em flagrante de tráfico humano para fins de adoção ilegal. Tudo comprovado, com pagamento, Pix e confissão. Intermediador e autores liberados na custódia. Ser humano não se vende. Vamos quebrar esse esquema”, declarou Joyce Coelho, delegada responsável pelo caso, ao destacar a existência de provas materiais e testemunhais que embasam a investigação.

Durante a tentativa de retirada da criança no hospital, um dos homens se identificou como pai do recém-nascido e tentou registrar seu nome nos documentos da unidade. O procedimento não foi concluído porque o sistema do hospital estava fora do ar. Quando retornaram algumas horas depois, foram abordados e detidos por policiais civis.

José Urbelan afirmou, em depoimento, que foi procurado pela mãe da criança. Segundo ele, a mulher teria pedido ajuda para quitar uma dívida com um agiota, o que teria motivado a negociação.

A mãe do bebê teve alta do hospital e o recém-nascido foi encaminhado a uma unidade de acolhimento institucional, sob responsabilidade do Conselho Tutelar e da Vara da Infância e Juventude.

O bebê permanecerá sob proteção do Estado enquanto o caso é analisado pelas autoridades. Caso fique comprovado o envolvimento da mãe, ela também poderá responder pelo crime.

A CENARIUM entrou em contato com Luiz Armando dos Santos, que afirmou que as acusações contra ele e o companheiro estão distorcidas. Ele forneceu o contato do advogado do casal, que enviou nota oficial afirmando “que os constituintes negam veementemente qualquer envolvimento em condutas criminosas, e que todos os esclarecimentos já estão sendo prestados às autoridades competentes no âmbito do devido processo legal”.

Conselho

A conselheira tutelar Joelma Leal, que atendeu a ocorrência, relatou que foi acionada durante o plantão por um investigador da Polícia Civil, que havia recebido uma denúncia sobre uma possível adoção ilegal.

Sem detalhes sobre nomes, apenas com a informação de que o suposto pai seria paulista e que a mãe havia dado entrada no hospital naquele dia, Joelma foi até a maternidade. Para não levantar suspeitas, conversou com as mães internadas até identificar a mulher em questão.

Segundo Joelma, o comportamento da mãe com o bebê e os relatos de profissionais de saúde levantaram suspeitas, especialmente após a presença de dois homens paulistas que aparentavam ser um casal, e um deles se apresentar como pai da criança.

Veja o momento da prisão: