Marcela Leiros e Carol Veras – Da Revista Cenarium
MANAUS (AM) – A defesa da família da ex-item do Boi Garantido Djidja Cardoso, que morreu na terça-feira, 28, cobrou a responsabilização do fornecedor do remédio ketamina, além de enfatizar que os presos na “Operação Mandrágora” são dependentes químicos que “perderam o controle“. As advogadas Lidiane Roque e Nauzila Campos deram esclarecimentos à imprensa neste domingo, 2.
“Essa operação, nós reconhecemos a função social dela a respeito de tentar captar esses fornecedores de droga que são os verdadeiros traficantes, e a gente questiona: ‘Cadê o dono dessa clínica veterinária que não foi preso até agora?‘”, questionou Nauzila Campos.
“O dono da clínica veterinária de fato fornecia esses medicamentos perigosíssimos que só podem ser vendido por receita. O dependente químico faz de tudo, ele dá a vida para poder conseguir a droga, e o traficante não é dependente químico, ele é um comerciante que precisa lucrar e se aproveita da vulnerabilidade de dependentes químicos para isso“, acrescentou.
A advogada refere-se a Sávio Soares Pereira, sócio-administrador da clínica Maxvet, inscrita no CNPJ é 29.285.168/0001-72, que, segundo o inquérito policial, fornecia ilegalmente a ketamina por meio de aplicativos de delivery. A clínica fica localizada no bairro Redenção, Zona Centro-Oeste de Manaus.
Uso de drogas
Depoimentos coletados no curso do inquérito apontam a existência de uma seita denominada “Pai, Mãe, Vida“, no qual Ademar Farias — irmão de Djidja — seria Jesus, Cleusimar Cardoso — mãe de Djidja — seria Maria e a ex-sinhazinha representaria Maria Madalena. As advogadas, no entanto, negaram a existência do grupo. “Não existe seita, não existe ritual macabro“, afirmou Lidiane Roque.
Para as juristas, a referência aos símbolos religiosos não deve ser considerada porque todos viviam sob o uso constante de drogas, inclusive as vítimas ouvidas no curso da investigação. A advogada Lidiane Roque afirmou que Cleusimar chegou a oferecer drogas a ela.
“Djidja, Ademar e Cleusimar perderam o controle, se tornaram dependentes químicos e, sim, eu particularmente tomo a liberdade de dizer que ela tomou a liberdade de me oferecer, quem eu presenciei que oferecia era Cleusimar, mas nunca houver coerção, nunca houve obrigação, inclusive confirmei isso com os funcionários“, disse ela, em referência à suspeita de que a família obrigava funcionários do salão Belle Femme a usarem as drogas.
Os cinco investigados — Cleusimar Cardoso, Ademar Farias, Verônica da Costa Seixas, Marlisson Vasconcelos Dantas e Claudiele Santos da Silva — estão presos no complexo penitenciário localizado na BR-174, que liga Manaus a Boa Vista (RR). Segundo as juristas, Ademar e Verônica estão “mais tranquilos“, enquanto Cleusimar apresenta sintomas de abstinência. O objetivo da defesa é conseguir tratamento e internação aos dependentes químicos.
Revisado por Gustavo Gilona