‘Caso Dom e Bruno’: Comissão da Câmara que vai investigar mortes define plano de trabalho nesta terça-feira

Dominic Mark Phillips e Bruno Pereira (Reprodução)
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium

BRASÍLIA — A comissão externa criada na Câmara dos Deputados para acompanhar, fiscalizar e propor providências sobre as mortes do servidor licenciado da Fundação Nacional do Índio (Funai) Bruno Pereira e do jornalista Dominic Mark Phillips, conhecido como “Dom Phillips”, no Vale do Javari, no Amazonas, definirá o plano de trabalho em reunião na tarde desta terça-feira, 21. Entre as providências está a realização de diligências até a terra indígena, na região do município de Atalaia do Norte, a 1.136 quilômetros de distância de Manaus, a capital amazonense.

Presidente da comissão, o deputado federal pelo Amazonas José Ricardo (PT) explicou que algumas das ações pretendidas são ouvir organizações indígenas — principalmente a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), que denunciou os desaparecimentos —, órgãos públicos e “fechar” um diálogo com o Senado, que instalou uma comissão para investigar o aumento da violência na Amazônia e tem diligência prevista para ocorrer na semana que vem.

“A gente quer ouvir logo as entidades indígenas. Já veio aqui a informação que as várias lideranças querem conversar, porque há muito tempo eles fazem denúncias com relação ao que vêm acontecendo no Vale do Javari: as perseguições, ameaças, invasão em terras indígenas, atividades ilegais, e, obviamente, isso vai ser parte desse processo de escuta, já que denúncias sempre foram feitas e as autoridades nunca deram atenção”, explicou o deputado.

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O deputado federal pelo Amazonas José Ricardo. (Marcela Leiros/ Revista Cenarium)

A deputada Joenia Wapichana (Rede-RR), quem apresentou a proposta de criação da comissão, destacou ser importante reiterar que o caso não foi isolado. “A gente quer entender o que está por trás dessa ilegalidade, que não é simplesmente um caso isolado, são várias denúncias que o Bruno e Dom estavam investigando e cobrando as autoridades. É um trabalho feito por eles que não pode simplesmente parar, diante desse assassinato tão bárbaro que todo mundo pôde acompanhar”.

Deputada federal por Roraima, Joenia Wapichana. (Marcela Leiros/ Revista Cenarium)

Embarcação encontrada

No último domingo, 19, a embarcação utilizada pelo jornalista e pelo indigenista foi encontrada pela equipe de buscas da Polícia Civil do Amazonas (PC-AM), com apoio de bombeiros e militares da Marinha. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM), a lancha estava a cerca de 20 metros de profundidade, emborcada com seis sacos de areia para dificultar a flutuação e a uma distância de 20 metros da margem direita do rio.

Vídeo mostra a embarcação sendo resgatada (Divulgação)

O jornalista Dom Phillips e o indigenista Bruno Pereira desapareceram na região do Vale do Javari, no Amazonas, em 5 de junho deste ano, após serem ameaçados em campo. Os dois foram vistos pela última vez quando seguiam trajeto da Comunidade São Rafael ao município de Atalaia do Norte. Somente na última quarta-feira, 15, remanescentes humanos das vítimas foram localizados.

Assasinato de Dom e Bruno

No sábado, 18, um exame médico realizado pelos peritos da Polícia Federal (PF) apontou que o assassinato do jornalista Dom Phillips foi ocasionado por “traumatismo toracoabdominal”, provocado por disparo de arma de fogo com munição “típica de caça, com múltiplos balins”, o que gerou lesões principalmente sediadas na região abdominal e torácica.

Já o indigenista Bruno Pereira, segundo a perícia, morreu em decorrência de “traumatismo toracoabdominal e craniano”, acometidos também por disparos de arma de fogo típica de caça e vários projéteis, o que ocasionou lesões no tórax/abdômen, onde ele levou dois tiros, e na face/crânio, onde ele foi baleado uma vez.

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