Caso Henry: delegada aponta caminhos para prevenção e combate à violência infantil

Os tipos de violências mais comuns em todos esses anos foram lesão corporal e maus-tratos (Reprodução/Internet)

Matheus Pereira – Da Revista Cenarium

MANAUS – Nas últimas semanas, a morte do menino Henry Borel, de quatro anos, no Rio de Janeiro, tem chamado atenção da sociedade brasileira para a violência contra crianças e adolescentes. Os principais suspeitos do crime são a mãe, Monique Medeiros, e o padrasto, o vereador Dr. Jairinho, que foram presos na última quinta-feira, 8, sob suspeita de atrapalhar a investigação.

De acordo com dados do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, entre 2012 e 2018, a média anual de crianças agredidas fisicamente foi de 64,25 mil. Só em 2018, foram mais de 51 mil crianças agredidas. Os tipos de violências mais comuns em todos esses anos foram lesão corporal e maus-tratos.

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O levantamento aponta também que antes de uma lesão grave ou óbito ocorreram lesões mais leves que não foram denunciadas. Para a delegada titular da Delegacia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) do Amazonas, Joyce Coelho, falta mais conscientização e acompanhamento do que acontece no âmbito familiar.

A delegada aponta que falta ainda uma percepção dos sinais que a criança apresenta, o que, segundo ela, não aconteceu no caso de Henry. “As leis estão aí, mas infelizmente não é uma lei que vai evitar, que esse tipo de violência aconteça. O que podemos fazer mesmo como trabalho preventivo é orientar aos pais e responsáveis que observe os sinais apresentados pela criança. Nesse caso, observamos no inquérito que a criança demonstrou que rejeitava o padrasto, chorava para não ir. Então, precisamos fazer um trabalho muito forte no sentido de não minimizar esses sinais”, afirmou.

Henry Borel foi encontrado morto no apartamento da mãe com diversas lesões graves pelo corpo. Ela e o padrasto do menino disseram à polícia que o garoto teria sofrido um acidente doméstico.

Denúncia é o caminho

Ainda segundo os dados do governo, a violência contra crianças e adolescentes têm natureza repetitiva e se não tiver uma intervenção (denúncia), a possibilidade de continuidade e 50% a 60%. Segundo Joyce Coelho, no Amazonas, as denúncias podem ser realizadas sem a necessidade de identificação, para facilitar que a notícia chegue à polícia ou aos demais órgãos competentes.

A delegada afirma que em muitas ocasiões as denúncias não são realizadas porque os crimes intrafamiliares acontecem na convivência doméstica e acontece de os próprios familiares se fecharem e defenderem o autor que também é um parente.

“Para que os crimes não fiquem impunes, para que outras pessoas tomem conhecimento ou que verifiquem se há sinal de um crime podem fazer a denúncia. Aqui funcionamos 24 horas, basta ligar no disque 100, que atende todos esses tipos de violência ou no 181 da Secretaria de Estado de Segurança Pública, que também recebe as denúncias e faz a distribuição. Se é um crime que está acontecendo e uma pessoa está visualizando, ela pode ligar ainda para o 190. Essa facilitação na denúncia é justamente para evitar a impunidade do autor, que muitas vezes é protegido pela própria família da criança”, destacou.

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