Centro integrado unifica atendimento a crianças vítimas de violência no AM
Por: Ana Pastana
21 de outubro de 2025
MANAUS (AM) – O Governo do Amazonas inaugurou, nesta terça-feira, 21, Centro Integrado de Atendimento a Crianças e Adolescentes Vítimas ou Testemunhas de Violência do Estado do Amazonas (Ciaca) Lorena Ferreira Rodrigues. Localizado no bairro Aleixo, Zona Centro-Sul de Manaus, nas instalações da Delegacia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca), o espaço é o primeiro do gênero no Estado e o nono em funcionamento no País.
O Ciaca foi projetado para reunir, em um único espaço, os serviços de segurança pública, saúde, assistência social e justiça, oferecendo um atendimento humanizado e completo às vítimas e testemunhas de violência. A estrutura inclui salas de exame, brinquedoteca, fraldário, recepção e uma entrada exclusiva para as crianças, o que evita o contato das vítimas com os agressores durante o acolhimento.
Durante a cerimônia, o governador Wilson Lima (União Brasil) assinou a mensagem governamental que dá ao centro o nome de Lorena Ferreira Rodrigues, em homenagem à menina de 2 anos assassinada em 2022 no município de Autazes (AM), distante 112 quilômetros de Manaus. O pai da criança, Luciano Rodrigues da Silva, representou a família no evento.

Segundo Wilson Lima, a escolha do nome é também um símbolo de justiça e memória. “O nome do centro é um lembrete de que o Estado tem o dever de proteger cada criança e de garantir que tragédias como essa não se repitam”, lembrou.
Luta contra violência
De acordo com a secretária de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc), Jussara Pedrosa, a inauguração do centro representa um passo concreto e necessário na luta contra todas as formas de violência infantojuvenil. “Não é apenas uma obra física, mas o resultado de uma construção coletiva, fruto do empenho de lideranças que entendem que a criança é prioridade absoluta”, ressaltou.
Segundo a titular da pasta, o espaço é também fruto do trabalho da Secretaria Executiva de Direitos da Criança e do Adolescente da Sejusc e do engajamento da rede de proteção. “Reconheço o empenho do governador Wilson Lima em tirar esse centro do campo das ideias, assim como o trabalho árduo de toda a equipe da Sejusc, da Rosalina Lobo e de tantas pessoas que, dentro e fora do governo, se dedicam a proteger nossas crianças e adolescentes”, completou.
Resultado de mobilização
A coordenadora do Instituto de Assistência à Criança e ao Adolescente Santo Antônio (Iacas), Amanda Ferreira, também destacou a importância do novo espaço, que, segundo ela, é resultado de anos de mobilização de entidades públicas e da sociedade civil. “Um sonho que se sonha só é só um sonho. Sonho que se sonha junto se torna realidade”, afirmou, emocionada.

Ela lembrou que “há dez anos a rede de proteção luta por um espaço onde as crianças possam ser atendidas com unidade e dignidade” e disse que o Ciaca representa a realização desse objetivo. “Hoje podemos dizer que cada criança vítima de violência nesta capital será atendida com dignidade e integridade. Tudo aqui foi pensado para olhar a criança como um todo”, ressaltou.
O novo centro funcionará diariamente e contará com a presença da Defensoria Pública do Estado (DPE-AM), Ministério Público do Estado (MPE-AM), Conselho Tutelar, Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), Sejusc e Instituto Médico Legal (IML), reforçando a rede de apoio e garantindo que o atendimento seja feito em um único local. A estrutura foi planejada para evitar a peregrinação das vítimas em busca de atendimento e reduzir o risco de revitimização.
Projeto inovador e colaborativo
Ao discursar durante a inauguração, o governador Wilson Lima ressaltou o caráter inovador e colaborativo do projeto. Segundo ele, o Ciaca é “um modelo disruptivo, pioneiro no Estado do Amazonas, resultado de um trabalho feito a muitas mãos”.

O governador explicou que a criação do centro nasceu de uma demanda da sociedade civil organizada e contou com a participação de diversos órgãos públicos. “Essa não é uma decisão apenas do governador, mas uma resposta ao clamor da sociedade civil, do Conselho Estadual de Proteção à Criança e ao Adolescente, do Ministério Público do Trabalho, do Ministério Público e da Defensoria”, afirmou.
Caso Lorena Rodrigues
O centro recebeu o nome de Lorena Ferreira Rodrigues, menina de 2 anos assassinada em março de 2022, em um caso que chocou o Amazonas. O corpo da criança foi encontrado enterrado no quintal do avô, no município de Autazes, dentro de uma bolsa descoberta por um animal de estimação da família. A investigação da Polícia Civil revelou que o casal Ana Beatriz Barbosa e John Lenon Menezes Maia, ambos de 33 anos, cometeu o crime em Manaus. Em junho deste ano, os dois foram condenados a mais de 70 anos de prisão.
Ao homenagear a vítima, Wilson Lima afirmou que o centro representa o compromisso do governo em assegurar que crimes como o que vitimou Lorena “não voltem a ocorrer” e que a estrutura é um espaço de acolhimento, de justiça e de esperança para milhares de famílias amazonenses.