Chefe da ONU defende Pacto Digital Global no Dia da Liberdade de Imprensa
Por: Izaías Godinho*
03 de maio de 2025
MANAUS (AM) – O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, disse que no Dia da Liberdade de Imprensa, celebrado neste sábado, 3, é importante que a sociedade apoie os direitos dos profissionais da comunicação social para que exerçam a atribuição de apurar, investigar e publicar informações de interesse público sem sofrer retaliações. Ele também defendeu a prática das medidas estabelecidas pelo Pacto Digital Global, para promover padrões éticos de propagação das informações na era da Inteligência Artificial (IA).
O Pacto Digital Global foi adotado pelos Estados membros da ONU como anexo ao Pacto para o Futuro, em 22 de setembro de 2024, durante a Cimeira do Futuro. Guterres destacou que o Pacto Digital Global se baseia no princípio de que a tecnologia deve beneficiar a todos. Segundo ele, o texto traz o primeiro acordo universal sobre a governança internacional da Inteligência Artificial.
Veja o pronunciamento oficial do chefe da ONU:
“Algoritmos tendenciosos, mentiras descaradas, e o discurso de ódio são como minas terrestres na autoestrada da informação. Informações precisas e baseadas em fatos são as melhores ferramentas para desarmá-las. O Pacto Digital Global, adotado ano passado, inclui medidas concretas para reforçar a cooperação internacional para promover a integridade da informação, a tolerância e o respeito no espaço digital”, disse o chefe da ONU.
António também disse que o aumento de jornalistas mortos em zonas de conflito é algo que deve despertar a atenção das autoridades, principalmente em Gaza no Oriente Médio e acrescentou que a Inteligência Artificial (IA) pode apoiar a liberdade de expressão ou sufocá-la. “A liberdade das pessoas depende da liberdade de imprensa. O jornalismo independente é um bem público essencial. É a base da responsabilização, da justiça, da igualdade e dos direitos humanos.”, disse.
Brasil no ranking
O Brasil subiu 18 posições no Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa, que teve sua edição de 2023 publicada esta semana pela Repórteres Sem Fronteiras (RSF). Os dados indicam que a troca de mandatos no governo foi o principal fator de influência na ascensão rápida. O ranking avalia as condições de exercício do jornalismo em 180 países, classificados entre as categorias muito grave (31), difícil (42), problemática (55), relativamente boa (44) e boa (8). O Brasil agora se encontra na categoria difícil, saindo da 110º para a 92º posição.

A consulta feita pelo RSF aconteceu em período pós-eleitoral, de novembro a fevereiro, o que denota o caráter de expectativa das avaliações dos jornalistas brasileiros sobre o futuro da imprensa no país. O retorno do presidente Lula trouxe perspectivas de melhora para a categoria, o que resultou na alta da classificação do país no ranking. Para o diretor da RSF na América Latina, Artur Romeu, esse avanço está relacionado à expectativa de uma volta à normalidade nas relações entre governo e imprensa, com o fim do governo Bolsonaro. “É uma releitura que reflete a expectativa de uma melhora das condições do livre exercício do jornalismo no país”, afirmou Romeu à Abraji.
No entanto, a própria organização chama a atenção para os números ainda altos de violência contra jornalistas no Brasil, apesar da maior estabilidade da relação entre poder público e imprensa. Fatores como o monopólio de mídias e desinformação ainda são muito significativos no estabelecimento de um ambiente mais favorável ao exercício da profissão, segundo o ranking. Em caso recente, um fotojornalista da Reuters foi vítima de difamações e ataques virtuais em razão de sua cobertura aos ataques aos Três Poderes em Brasília, por apoiadores e aliados do ex-presidente, em 8 de janeiro.