Cheia dos rios já afeta mais de meio milhão de pessoas na Amazônia

No Amazonas, cheia do Rio Solimões já atingiu toda a cidade de Careiro da Várzea. (Diego Peres/Secom)
Gabriel Abreu – Da Revista Cenarium

MANAUS – A cheia dos rios no Amazonas, no Amapá e no Acre já afeta mais de meio milhão de pessoas nos três Estados da federação. No Amazonas, mais de 400 mil pessoas sofrem com a cheia dos rios Negros, Solimões, Amazonas, Juruá, Purus e Madeira. No Amapá, a enchente dos rios Jari, Araguari e Amapari já atinge seis municípios afetando mais de 2,9 mil famílias. O Acre foi o primeiro Estado do País a sofrer com a cheia dos rios, mais de 130 mil pessoas foram afetadas.

Segundo a Defesa Civil do Amapá, em Laranjal do Jari, no sul do Estado, chegou à marca de 7,2 mil pessoas afetadas pela cheia do rio Jari. Do total de 1.804 famílias atingidas, 4 estão desabrigadas, 28 desalojadas e 1,7 mil foram prejudicadas indiretamente.

Ruas de Laranjal do Jari, no AP, alagada pela cheia do Jari. (GEA/Divulgação)

A prefeitura municipal de Laranjal do Jari decretou situação de emergência e as equipes assistenciais realizam cadastro das famílias que residem nos 8 bairros afetados. “Estamos com a secretaria toda mobilizada, principalmente com saúde e educação, cadastrando as famílias atingidas. Trabalhamos em 4 frentes: Malvinas, Santarém, Sagrado Coração de Jesus e o bairro Centro”, detalhou Mayara Caldas, secretária municipal de Assistência Social.

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A Defesa Civil informou ainda que a elevação do rio chegou a 2,45 metros. Por causa da contaminação dos poços, casas e ruas, existe a preocupação com o surgimento de casos de leptospirose e hepatite.

Amazonas

O nível dos rios no Amazonas já registra recordes segundo a Defesa Civil Estadual que divulgou na última sexta-feira, 21, que 58 municípios do Estado já sofrem com a subida das águas dos rios Solimões, Negro, Juruá, Purus e Madeira, 25 cidades estão em situação de emergência, 18 estão em situação de transbordamento, dez em alerta e cinco em atenção. São mais de 400 mil pessoas afetadas pelo fenômeno.

Em Manaus, o nível do rio Negro alcançou nesta segunda-feira, 24, a marca de 29 metros e 89 centímetros, faltando sete centímetros para atingir a cota de 2012, que foi de 29 metros e 97 centímetros. Mais de 25 mil pessoas que moram em 15 bairros da capital do Amazonas já sentem os reflexos da enchente do rio Negro. Nos próximos dias, a previsão é que o Negro ultrapasse o recorde e alcance 30 metros, segundo o Serviço Geológico do Amazonas (CPRM).

Cheia do rio Negro na feira da Manaus moderna, 2021 (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)

Segundo Luna Gripp, pesquisadora em geociências responsável pelo Sistema de Alerta Hidrológico (SAH) da Bacia do Amazonas, o grande volume de chuvas observado no princípio do ano fez com que o nível dos rios amazônicos subisse rapidamente, padrão este que está atuante até agora.

Assim, mesmo que o padrão de chuvas observados se mantenha dentro do esperado para o período daqui para frente, o fato dos níveis dos rios já estarem expressivamente altos, contribui para as altas probabilidades apresentadas, de observamos cheias de grandes magnitudes nesses rios em 2021.

Acre

A cheia dos rios no Acre deixou mais de 130 mil pessoas atingidas na capital e no interior do Estado. No total, dez cidades foram afetadas: Rio Branco, Cruzeiro do Sul, Tarauacá, Feijó, Sena Madureira, Santa Rosa do Purus, Jordão, Porto Walter, Mâncio Lima e Rodrigues Alves. A enchente dos rios Acre, Juruá, Envira, Iaco, Purus e outros mananciais, além do transbordamento dos igarapés, atinge centenas de famílias.

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