Chuva de granizo: condições climáticas extremas assustam amazônidas

Em Manaquiri, rua ficou tomada por pedras de granizo (Reprodução/Internet)

Náferson Cruz – Revista Cenarium

MANAUS – A chuva de granizo não é comum na região amazônica, o fenômeno que até então acontecia esporadicamente, nos últimos anos, se tornou frequente em algumas cidades do Amazonas. Registros de eventuais quedas de gelo cada vez mais surpreendem os moradores dos centros urbanos e ribeirinhos da Amazônia. 

O especialista no assunto, o meteorologista Ricardo Dallarosa, do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (CENSipam), Regional Manaus, explicou para a CENARIUM os motivos dos recentes registros de chuva de granizo que atingiu parte dos municípios da Região Metropolitana de Manaus (RMM).  

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“Durante o processo de formação das nuvens, o vapor d’água se eleva na atmosfera encontrando temperaturas cada vez menores, atingindo valores negativos e ocorrendo a formação do gelo nas nuvens do tipo cumulonimbus (nuvens de contornos nítidos), de grande extensão vertical, na ordem de 20 quilômetros de altura. Essas temperaturas podem atingir valores em torno de 80C próximo ao seu topo, formando pelotas de granizo de dimensões consideráveis, os quais por possuírem massa muito grande acabam por precipitar e atingir a superfície da terra”, informa Dallarosa.

Outro especialista no tema, Renato Senna, também do CENSipam, destaca que, na região do Equador, o fenômeno da chuva de granizo é mais comum pela presença das extensas nuvens cumulonimbus, o que diminui a sua frequência em direção aos polos do planeta, ocorrendo eventualmente.

No último dia 06, moradores do município de Manacapuru, a 68 quilômetros de Manaus, foram surpreendidos com a forte chuva de gelo que caiu do céu.

Foram poucos minutos de chuva e vento forte, entretanto, a chuva de granizo causou danos a casas e estabelecimentos comerciais. Telhados foram arrancados e árvores derrubadas durante o fenômeno. Os moradores do município postaram fotos nas redes sociais em que mostram o granizo encontrado após a chuva.

Uma das áreas mais afetadas foi a Comunidade do Pesqueiro, no rio Solimões, em frente à cidade de Manacapuru. A Defesa Civil do município informou que uma pessoa ficou ferida e 21 famílias ficaram desabrigadas. Os estragos provocados pela forte chuva deixaram 21 casas danificadas.

Pedras de gelo são evidenciadas pelos moradores da comunidade do Pesqueiro. (Imagem: Arquivo pessoal)

O município de Lábrea, que fica no Sul do Estado, também sofreu com a chuva de granizo em 2018. De acordo com relatos de moradores, à época, a chuva durou cerca de 30 minutos e não houve estragos.

Em 2017, a capital amazonense também registrou o fenômeno. Em alguns pontos da cidade, a velocidade do vento chegou a 64,1 km/h. Além disso, nos bairros do Japiim, zona Sul, Coroado, zona Leste, e Novo Aleixo, zona Norte, houve relatos de chuva de granizo.

Incidência de raios

A incidência de raios também chama atenção pelas estatísticas. O Amazonas é o segundo Estado do País com maior registro do fenômeno natural.

Segundo o Grupo de Eletricidade Atmosférica do Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (Inpe), são cerca de 16 descarga elétrica por quilômetro quadrado que atingem o solo. O Estado só fica atrás do Tocantins, que registra 17,1 raios por quilômetros.

De acordo com o Sipam, o Norte do Brasil está entre as regiões com maior concentração de descargas atmosféricas, isto porque as elevadas temperaturas e a grande disponibilidade de umidade favorecem a formação de nuvens profunda.

No Brasil, anualmente, 300 pessoas são atingidas por raios (Imagem: Reprodução)

O Amazonas registra anualmente, uma média de pelo menos 11 milhões de raios. Os municípios de Manaquiri, Beruri, Careiro, Anori, Manaus, Manacapuru, Maués, Rio Preto da Eva, Anamã e Coari são os que apresentam maior incidência por raios, entre as cidades do Estado.

No início deste ano, um casal morreu ao ser atingindo pela descarga elétrica natural. O fato ocorreu na comunidade Igarapé Grande, no município do Iranduba, a 25 quilômetros de Manaus. De acordo com moradores, o casal estava dormindo quando foi atingido. Por ano, 300 pessoas são atingidas por raio no País.



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