Ciclista assediada cria marca de roupas que reforça empoderamento feminino

Fernanda Dias Coelho foi vítima de assédio. Foto: Divulgação

Com informações do Infoglobo

Na última terça-feira, o vídeo de uma mulher sendo derrubada a bordo de uma bicicleta por um carro em Palmas, no Paraná, viralizou nas redes sociais. O acidente foi causado em uma tentativa de assédio. Nas imagens, o veículo se aproxima de Andressa Lustosa e, na sequência, o homem no banco do carona passa a mão em seu corpo fazendo-a cair. Após a repercussão, o acusado foi preso por importunação sexual e lesão corporal.

A história chamou a atenção de muitas mulheres e, em especial, da ciclista Fernanda Coelho, de 36 anos. Após ter vivido situação semelhante a de Andressa em um de seus treinos, ela resolveu criar uma marca de roupas esportivas, em 2019, que contribui com o resgate e a ressocialização de mulheres em situação de vulnerabilidade social, a Deixa Ela Treinar.

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“O esporte é uma ferramenta de transformação social e um ótimo meio para comunicarmos diversas desigualdades. E, enquanto ainda não nos sentirmos seguras para circular em todos os espaços da sociedade, precisamos falar sobre a violência contra a mulher”, reflete.

Até pouco tempo atrás, o dress code do ciclismo era dominado por marcas masculinas, que não privilegiavam o bem-estar da mulher sobre duas rodas. Pensando em causa própria, as amigas Roberta Leivas e Cristina Kfuri criaram a Ponytail, inteiramente dedicada a mulheres. “Quando comecei a pedalar, as roupas eram todas importadas, cheias de propaganda e unisex. Usávamos o mesmo design que era produzido para os homens. Raramente encontrava-se forros para o biotipo feminino”, lembra Roberta.

Hoje, além de utilizar materiais tecnológicos biodegradáveis capazes de reter suor e evitar o mau cheiro, a marca oferece modelagens que permitem a ciclista sair da pedalada direto para um café. Neste mês, a Ponytail lançará a campanha do Outubro Rosa, com doação para o Instituto Nacional do Câncer (Inca).

Estudante de Design Gráfico e ciclista profissional, Ana Vitória Magalhães, a Tota, de 20 anos, celebra a chegada de cada vez mais marcas nacionais e, naturalmente, mais opções para o pelotão feminino. “Gosto de estar elegante em cima da bicicleta. Por isso, opto por roupas bem minimalistas”, diz a atual campeã do L’Étape Brasil, principal prova do esporte no País.

O pedal mudou a vida da empresária carioca Tatiana Chami, de 40 anos. Há nove meses, ela passou a praticar o ciclismo, algo que um ano antes achava completamente distante de sua realidade. Graças ao novo estilo de vida, perdeu 30 quilos. Cinco vezes na semana, começa a treinar às 5h30. Na noite anterior, deixa tudo pronto: comida, equipamentos, pneus calibrados e modelito escolhido. Vaidosa, a empresária tem o armário recheado de acessórios, jerseys (blusas), calças e breteles (bermudas com suspensórios) caprichadíssimos. “A roupa influencia muito na performance. Quanto mais justa ela estiver no corpo e menos costura tiver, mais aerodinâmico fica o ciclista”, afirma.

Ela e as amigas, inclusive, encomendaram uma camisa de bolinhas com fecho personalizado para pedalar na Barra. Além do “pelotão das bolotas”, é comum ver grupos de ciclistas trajados com estampas animal print em picos famosos como a Vista Chinesa. Um verdadeiro desfile informal de looks descolados acontece todas as manhãs, basta madrugar para conferir.

Cada vez mais fortalecido, o mercado nacional do vestuário de ciclismo já está fazendo bonito inclusive lá fora. Os produtos da etiqueta carioca I AM RIO Pedal, de Andrea Meireles, já podem ser encontrados em Londres. “As peças ganham desde designs refletivos para maior visibilidade à noite até materiais de alta proteção contra raios UV”, detalha.

A ordem é pedalar, mas sem perder o estilo e o conforto, é claro.

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