Cidade de Mato Grosso se mantém como quarta em taxa de mortes violentas do País


18 de julho de 2024
Vista aérea da cidade de Sorriso, no Estado de Mato Grosso (Divulgação)
Vista aérea da cidade de Sorriso, no Estado de Mato Grosso (Divulgação)

Davi Vittorazzi — Da Cenarium

CUIABÁ (MT) — O município de Sorriso (a 420 quilômetros distantes de Cuiabá) está no ranking como quarta cidade do País com a maior taxa de Mortes Violentas Intencionais (MVI). As dados são do Anuário de Segurança Pública com base em 2023, divulgados nesta quinta-feira, 18.

Conforme o documento, a lista é composta por cidades com mais de 100 mil habitantes. A análise dos pesquisadores envolvidos no levantamento apontou que as disputas entre facções e as mortes decorrentes de intervenção policial são as principais explicações para o patamar de MVI no Brasil.

A 18ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública foi elaborada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. No levantamento, consta que Santana no Amapá lidera como a cidade mais violenta no ano passado, com a taxa de 92,9. Anteriormente, a taxa do município era de 49,4.

Cápsulas deflagradas em área de crime (Divulgação)

Na sequência, aparecem os municípios de Camaçari, que apresentou taxa de MVI de 90,6 por 100 mil. Na terceira posição, Jequié apresentou taxa de 84,4 por 100 mil, com um total de 134 vítimas de mortes violentas intencionais. Destas mortes, 74 (55,2%) foram decorrentes de intervenções policiais, ou seja, mais da metade da letalidade violenta na cidade foi responsabilidade do próprio Estado.

Sorriso, na quarta posição, apresentou um total de 86 MVI apenas em 2023. A cidade era a sexta colocada no ranking de 2022, mas teve um crescimento de 10,3% na taxa de MVI no ano passado, conforme o levantamento. Veja as 10 cidades mais violentas abaixo:

Ranking de cidades violentas (Reprodução)

Sorriso está localizado no norte de Mato Grosso e tem uma população de 110.635 habitantes, de acordo com o Censo de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O município é o maior produtor de grãos do País, especialmente de milho e soja. A cidade também já foi apontada como uma das mais violentas do País no estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

O estudo destaca que o aumento das mortes violentas no País está associada a ação policial. “Enquanto o País consegue reduzir o volume total de registros de mortes violentas intencionais, a participação da letalidade policial na composição de tais registros tem aumentado com força”, frisa o anuário.

Os pesquisadores afirmam que há ausência de política pública voltada ao combate das mortes e que apenas são reforçados o policiamento, que gera mais mortes. “A atual forma de enfrentamento acaba
por gerar mais mortes, sobretudo de negros, jovens e por armas de fogo, enquanto o crime organizado tem comprometido várias esferas da vida pública e da economia formal não atingidos pela ação de policiamento ostensivo e de operações especiais”
, diz trecho da publicação.

A elaboração do Anuário Brasileiro de Segurança Pública é feita a partir de informações fornecidas pelos governos estaduais, pelo Tesouro Nacional, pelas polícias civil, militar e federal, entre outras fontes oficiais da Segurança Pública.

Leia mais: Estupros no Brasil: um a cada 6 minutos e mais de 83 mil casos em 2023
Editado por Adrisa De Góes

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