Cidades da Amazônia aparecem entre as mais expostas a desastres ambientais


Por: Fred Santana

15 de outubro de 2025
Cidades da Amazônia aparecem entre as mais expostas a desastres ambientais
Área afetada por deslizamento de terra na Zona Leste de Manaus em 2023 (Reprodução/Gildo Smith)

MANAUS (AM) – O relatório “Panorama Climático 2025”, elaborado pela TETO Brasil em parceria com o Centro de Estudos das Cidades do Insper, revela as desigualdades enfrentadas por comunidades da Amazônia diante dos impactos das mudanças climáticas. O documento, que reúne dados de 119 comunidades em 51 municípios de 20 Estados brasileiros, foi divulgado nessa terça-feira, 14.

O estudo destaca que os efeitos de secas, cheias e eventos extremos já comprometem o modo de vida de populações inteiras na Amazônia Legal. Entre as localidades analisadas,cita cidades como Eirunepé, Iranduba e Manaus, no Amazonas; Rio Branco, no Acre; Belém, no Pará; Porto Velho, em Rondônia; Boa Vista, em Roraima; e Tartarugalzinho, no Amapá.

Essas regiões foram incluídas no levantamento por concentrarem comunidades em situação de vulnerabilidade socioambiental, com infraestrutura precária e baixa capacidade de adaptação às transformações do clima.

Um dos principais estudos de caso do documento é a Comunidade Saracá, localizada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Negro, em Iranduba, no Amazonas. A região enfrenta impactos diretos de secas e cheias cada vez mais intensas do Rio Negro, fenômenos que afetam a pesca, o transporte e o abastecimento local. A falta de saneamento básico e a dificuldade de acesso a políticas públicas agravam a situação de isolamento das famílias ribeirinhas.

Problemas na comunidade ribeirinha de Saracá estão relacionados às cheias e secas extremas do rio Negro (Reprodução/Auxílio Regular Fapesp via Unicamp)

O relatório destaca que essas mudanças climáticas alteram o equilíbrio natural do rio e ameaçam práticas tradicionais de subsistência, como a agricultura e o extrativismo. O documento também menciona a atuação de organizações como a Fundação Amazônia Sustentável (FAS), o Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (IDESAM) e o Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), que desenvolvem projetos de apoio a essas comunidades.

A TETO Brasil afirma que o objetivo do Panorama Climático 2025 é dar visibilidade às populações que vivem à margem das políticas públicas, reforçando a necessidade de investimentos em infraestrutura, moradia e adaptação climática. A presença das cidades amazônicas no estudo reflete a amplitude dos desafios enfrentados por comunidades que convivem diariamente com a intensificação de eventos climáticos extremos e com a ausência de soluções estruturais.

O relatório enfatiza que, da cidade de Tartarugalzinho, no Amapá, a Eldorado do Sul, no Rio Grande do Sul, há um padrão comum: a desigualdade climática atinge de forma mais severa as populações pobres e periféricas. No caso da Amazônia, os efeitos da crise ambiental são potencializados pela dependência dos rios e pela falta de políticas de mitigação, tornando o território um dos mais sensíveis às transformações do clima em todo o país.

Manaus sofre com chuvas

Em Manaus, o relatório aponta problemas urbanos relacionados a eventos climáticos. Foram citados alagamentos, deslizamentos e ocupações em áreas de risco, agravados pela expansão de moradias em encostas e margens de igarapés. Moradores relataram sobrecarga nos serviços públicos durante períodos de chuva intensa e a falta de ações preventivas suficientes por parte das autoridades municipais.

Manaus sofre sobrecarga nos serviços públicos durante períodos de chuva intensa (Ricardo Oliveira/CENARIUM)

A falta de infraestrutura adequada amplia, segundo a publicaçação, os impactos das mudanças climáticas nas comunidades amazonenses. Em áreas ribeirinhas, a ausência de saneamento e drenagem facilita alagamentos e contaminação da água. Nas regiões urbanas, a ocupação desordenada aumenta a exposição a desastres. Em ambos os contextos, a vulnerabilidade é agravada pelo isolamento geográfico ou pela insuficiência de políticas públicas.

O documento ainda cita a presença do Programa Social e Ambiental dos Igarapés de Manaus (Prosamin+) entre os parceiros institucionais da pesquisa. Essa participação é mencionada no contexto de iniciativas locais voltadas à gestão de áreas alagáveis e reassentamento de famílias, o que reforça a relevância do Amazonas nas discussões sobre adaptação climática.

Leia mais: Mais de 50% dos municípios do Amazonas são propensos a desastres ambientais
Editado por Adrisa De Góes

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