Cidades do Pará lideram ranking nacional de focos de incêndio


28 de agosto de 2024
Cidades do Pará lideram ranking nacional de focos de incêndio
Área de mata em chamas no Pará (Reprodução/Agência Pará)
Fabyo Cruz – Da Cenarium

BELÉM (PA) – O Brasil registrou mais de 109 mil focos de incêndio, em 2024, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O Pará lidera, com três municípios, o ranking das cidades brasileiras mais afetadas nas últimas 48 horas: São Félix do Xingu (306 focos), Altamira (258 focos) e Novo Progresso (244 focos). O Estado é o segundo mais afetado, atrás do Mato Grosso, e à frente do Amazonas e do Mato Grosso do Sul.

Mapa do Inpe sobre focos de queimada no Brasil (Reprodução/BDQueimadas)

A situação alarmante levou o governador Helder Barbalho (MDB) a decretar, em 27 de agosto, estado de emergência ambiental em todo o Pará, proibindo o uso de fogo para qualquer tipo de manejo e limpeza de áreas rurais. Barbalho afirmou que a decisão é uma resposta ao aumento significativo de queimadas no Estado, agravadas pela emissão de fumaça, baixa pluviosidade e deterioração da qualidade do ar, principalmente em áreas sob forte pressão ambiental.

Governador do Pará, Helder Barbalho, decreta situação de emergência e proíbe queimadas em todo o Estado (Rodrigo Pinheiro/Agência Pará)

Em julho, o Pará registrou 3.300 focos de queimadas, um aumento de 50% em relação ao mesmo período de 2023, marcando um recorde histórico. Já em agosto, o número subiu para 6.600 pontos, um crescimento de 40% em relação ao ano anterior. “Esta é uma marca histórica, o que exige que tenhamos essa medida dura, porém necessária para evitar os impactos ambientais nas áreas de queimadas e a repercussão nos nossos rios, que podem vir a sofrer com secas severas, atingindo as comunidades ribeirinhas e a população do estado do Pará”, destacou o governador.

Medidas emergenciais

Para combater os focos de queimadas, a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) vai emitir alertas meteorológicos, lavrar procedimentos administrativos e coordenar ações com outros órgãos estaduais. A Semas e a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Segup) atuarão em conjunto, utilizando recursos logísticos, equipamentos e aeronaves quando necessário. A linha de frente das operações ficará a cargo do Corpo de Bombeiros Militar do Pará (CBM), enquanto a Defesa Civil e a Secretaria de Saúde do Pará (Sespa) atuarão na prevenção de danos à saúde.

O decreto prevê sanções penais, civis e administrativas para quem descumprir as determinações, com vigência inicial de 180 dias, podendo ser prorrogado conforme necessário.

Contexto crítico

Dados divulgados pela Semas, que subsidiaram o decreto, apontam que o Pará registrou 14.794 focos de queimadas entre janeiro e agosto de 2024, atrás apenas do Mato Grosso, que teve 21.694 focos no mesmo período. A combinação de condições climáticas adversas e atividades ilegais relacionadas ao uso do fogo contribui para o cenário crítico no Estado. Segundo o European Union Copernicus Climate Change Service, 2024 é o ano mais quente da história, com a temperatura global atingindo um recorde de 17,09 graus Celsius em julho, exacerbando a propagação das queimadas.

Dino determina mobilização

Diante do agravamento das queimadas, o ministro do STF Flávio Dino determinou, nessa terça-feira, 27, que a União deve mobilizar, em até 15 dias, o maior número de agentes das Forças Armadas, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Força Nacional e da fiscalização ambiental para o combate aos incêndios no Pantanal e na Amazônia.

Flávio Dino dá 15 dias para governo se mobilizar e combater incêndios (Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)

O ministro afirmou que é urgente intensificar os esforços com a força máxima disponível devido à intensificação de queimadas gravíssimas nos últimos dias, inclusive com indícios de origem criminosa. Flávio Dino determinou a intimação dos ministros da Defesa, Justiça e do Meio Ambiente, e indicou que eles podem propor ao presidente Lula a abertura de créditos extraordinários para o custeio das ações.

Na semana passada, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima anunciou que o governo federal, em conjunto com os governos dos Estados da Amazônia Legal, vai montar frentes de atuação em três regiões que atualmente registram a maior parte dos focos de queimadas e incêndios no bioma. Segundo a pasta, 21 municípios concentram metade de todos os focos de incêndio na Amazônia. Ainda de acordo com o governo, já existem cerca de 360 frentes contra incêndios em atuação no Norte do País, com mais de 1.400 brigadistas.

Leia mais: Incêndios florestais afetam indígenas Munduruku e produtores rurais no Pará
Editado por Adrisa De Góes

O que você achou deste conteúdo?

VOLTAR PARA O TOPO
Visão Geral de Privacidade

Este site usa cookies para que possamos oferecer a melhor experiência de usuário possível. As informações dos cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.