Cientistas do AM integram ranking de maior impacto em decisões mundiais


Por: Fred Santana

07 de novembro de 2025
Cientistas do AM integram ranking de maior impacto em decisões mundiais
O biólogo Philip M. Fearnside e os médicos Vanderson de Souza Sampaio, Wuelton Marcelo Monteiro e Marcus Lacerda integram a lista (Reprodução | Composição: Paulo Dutra/CENARIUM)

MANAUS (AM) – Cinco cientistas que atuam na Amazônia estão entre os pesquisadores brasileiros mais citados em políticas públicas no mundo, segundo relatório divulgado nesta quinta-feira, 6, pela Agência Bori em parceria com a plataforma Overton, que monitora o uso de evidências científicas em decisões governamentais e documentos internacionais.

O levantamento mapeou 107 pesquisadores com pelo menos 150 citações em relatórios, pareceres e publicações de governos e organismos multilaterais desde 2019 – somando mais de 33,5 mil documentos de políticas públicas fundamentados em estudos brasileiros. Eles aparecem entre os cientistas cujos trabalhos mais embasam políticas nas áreas de saúde pública e meio ambiente, com impacto tanto nacional quanto internacional.

Entre os nomes que representam o Amazonas estão: Philip M. Fearnside, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Vanderson de Souza Sampaio, Wuelton Marcelo Monteiro e Marcus Lacerda, da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e da Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-AM), além de Felipe Gomes Naveca, pesquisador da Fiocruz Amazônia (Instituto Leônidas & Maria Deane – ILMD).

Philip Fearnside, referência mundial em mudanças climáticas e desmatamento, aparece com 393 citações em documentos de decisão e 163 artigos referenciados. Seus estudos têm orientado políticas sobre uso da terra e conservação florestal, consolidando o papel da ciência amazônica nos debates sobre sustentabilidade.

Cientista Philip Fearnside, referência mundial em mudanças climáticas (Reprodução)

Na área da saúde, Vanderson de Souza Sampaio teve 200 menções e 22 artigos citados, enquanto Wuelton Marcelo Monteiro aparece com 178 menções e 35 artigos. Ambos são reconhecidos por pesquisas sobre malária, arboviroses e doenças tropicais negligenciadas, essenciais para políticas de vigilância epidemiológica na região.

Vanderson Sampaio, pesquisador sobre doenças tropicais negligenciadas (Reprodução)

À CENARIUM, Sampaio afirmou que o reconhecimento ultrapassa o aspecto individual. “É uma valorização da ciência feita na Amazônia e de seu papel estratégico para o Brasil e o mundo. A região enfrenta desafios semelhantes aos de outros países do Sul Global, onde desigualdades e limitações estruturais se misturam. Por isso, as soluções daqui podem inspirar políticas em outros contextos”, afirmou.

Ele defende que a pesquisa amazônica se aproxime mais da sociedade. “A ciência precisa dialogar com governos e comunidades para transformar evidências em políticas reais. Quando todos participam, a Amazônia e o país avançam de forma mais justa e sustentável”, disse.

Wuelton Monteiro (à esquerda) e Marcus Lacerda (à direita) (Reprodução)

Marcus Lacerda, da Fiocruz Amazônia e também da FMT, figura com 218 citações em documentos de políticas públicas e 57 artigos referenciados. Suas pesquisas têm embasado protocolos de diagnóstico e tratamento de doenças infecciosas na Amazônia. “Estar entre esses nomes mostra que é possível fazer ciência de qualidade mesmo em condições menos favoráveis. Impactar políticas públicas é o verdadeiro objetivo de quem busca reduzir desigualdades”, disse.

Wuelton Marcelo Monteiro destacou que a presença de pesquisadores amazônicos entre os mais citados se explica pela relação direta entre ciência e necessidades sociais. “A pesquisa em saúde pública precisa nascer das demandas reais da sociedade. Reconhecer os problemas prioritários, entender o que afeta a população e buscar respostas práticas para enfrentá-los é fundamental. Essa sensibilidade é o que torna a ciência capaz de contribuir para o controle e até a eliminação de doenças”, afirmou.

Felipe Gomes Naveca, pesquisador da Fiocruz Amazônia (Instituto Leônidas & Maria Deane – ILMD) é o quinto nome nome que integra a lista dos brasileiros mais citados em políticas públicas. Virologista de referência, Naveca ganhou destaque nacional e internacional pela liderança nas ações de vigilância genômica no Amazonas, incluindo o sequenciamento do genoma do coronavírus na região Norte durante a pandemia de Covid-19. Suas pesquisas têm orientado estratégias de monitoramento e resposta a vírus emergentes, fortalecendo políticas de saúde pública baseadas em evidências científicas.

Felipe Gomes Naveca, pesquisador da Fiocruz Amazônia (Reprodução)

O relatório destaca que a área da saúde – especialmente ligada a epidemias, vacinas e doenças negligenciadas – e o campo do meio ambiente e uso da terra são os que mais concentram cientistas brasileiros com influência em políticas públicas. No caso do Amazonas, os quatro pesquisadores simbolizam como a ciência regional vem ganhando espaço nas decisões que moldam o futuro da floresta e da saúde pública.

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Editado por Jadson Lima

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