Cineasta amazonense, Djalma Limongi Batista morre aos 75 anos


14 de fevereiro de 2023
Cineasta amazonense, Djalma Limongi Batista morre aos 75 anos
Nascido em Manaus, Batista lecionou Direção de Atores e Realização no curso de cinema da Fundação Armando Alvares Penteado (Reprodução/Arquivo Pessoal)
Da Revista Cenarium*

SÃO PAULO – Morreu nesta terça-feira, 14, o cineasta e professor amazonense Djalma Limongi Batista, autor dos filmes “Asa Branca: Um Sonho Brasileiro”, premiado no Festival de Gramado de 1981, “Brasa Adormecida”, de 1986, e “Bocage: O Triunfo do Amor”, de 1998, sobre o célebre poeta português.

A morte foi confirmada por um amigo próximo do cineasta, que estava em São Paulo.

O cineasta Djalma Limongi Batista
O cineasta Djalma Limongi Batista em fotografia de 2016 (Reprodução/Arquivo Pessoal)

Nascido em Manaus, Batista lecionou Direção de Atores e Realização no curso de cinema da Fundação Armando Alvares Penteado.

Sua formação se deu nos cinemas de Manaus, acompanhando desde filmes americanos e as chanchadas de Vera Cruz, até se deparar com as experiências do neorrealismo italiano e da nouvelle vague. Foi com uma câmera de 8 milímetros que fez seu primeiro curta amador, “As Letras 1”, de 1960.

Edson Celulari em cena do filme 'Asa Branca', de 1981, de Djalma Limongi Batista
Edson Celulari em cena do filme ‘Asa Branca’, de 1981, de Djalma Limongi Batista (Divulgação)

Sua estreia no cinema se deu com o curta “Um Clássico, Dois em Casa, Nenhum Jogo Fora”, de 1968, uma das primeiras obras brasileiras a retratar uma relação homossexual nas telonas.

Também dirigiu o documentário de curta-metragem “Porta do Céu”, de 1973, e o experimental “Hang-Five”, de 1975. Em paralelo, trabalha como fotógrafo e colabora com o diretor teatral Flávio Império na criação dos cenários para peças.

Seu primeiro longa-metragem é celebrado com os prêmios de melhor direção e melhor ator coadjuvante para Walmor Chagas, no Festival de Brasília, além da estatueta de melhor ator para Edson Celulari, que fazia seu primeiro papel no cinema, como um jogador de futebol que sai de um pequeno time paulista e vai até a Copa do Mundo.

Depois de “Brasa Adormecida” e antes de “Bocage, o Triunfo do Amor”, Djalma dirigiu, ainda, em 1991, sua versão da peça “Calígula”, do francês Albert Camus, no teatro.

Inspirado na vida e na poesia do poeta português Manuel Maria de Barbosa du Bocage, o último longa de Batista foi rodado no Ceará, Amazonas, Rio Grande do Norte, Paraná, Paraíba e Portugal.

Sobre “Bocage”, escreveu o crítico José Geraldo Couto: “As imagens captadas em cinemascope em praias do Ceará, na Amazônia, no Iguaçu e em aldeias portuguesas, são de uma exuberância avassaladora, mas não se esgotam no pictórico: integram-se, organicamente, ao movimento dramático do filme”.

“A liberdade narrativa é total. Uma personagem sai de um palácio e vê-se diante de uma tapera de pau-a-pique. Os continentes, cenários e paisagens misturam-se, acintosamente, sem que se perca o fio da narrativa: o inventário sexual e afetivo do poeta”, diz Couto em texto publicado neste jornal. “Os excessos alegóricos do filme não comprometem sua opulência visual e sonora. Obra de paixão transbordante, “Bocage” não recua, nem diante do kitsch, nem do obsceno. Poesia visual não-pasteurizada, enfim”.

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