CNI erra impacto de ‘tarifaço’ no Amazonas e Suframa rebate: ‘Dados fictícios’
Por: Lucas Thiago
30 de julho de 2025
MANAUS (AM) – A Confederação Nacional da Indústria (CNI) admitiu à CENARIUM ter publicado uma pesquisa com dados incorretos sobre o impacto do “tarifaço” dos Estados Unidos (EUA) na indústria do Amazonas. O estudo, divulgado nesta terça-feira, 29, apontava que o Estado teria o sexto maior impacto entre os Estados em volume financeiro, cujo prejuízo poderia chegar a R$ 1,1 bilhão. Após questionamento da reportagem, nesta quarta-feira, 30, a entidade voltou atrás e corrigiu o próprio estudo, apontando que o impacto seria de R$ 1,145 milhão.
Os dados originais da pesquisa contêm dois erros: a diferença no valor do impacto no Amazonas e a colocação do Estado no ranking nacional. A diferença entre o dado divulgado na terça-feira e a admissão do erro na quarta-feira é de mais de R$ 1,1 bilhão. Com os números corrigidos e um impacto de 0,67%, o Estado foi reposicionado na última colocação, após as medidas anunciadas pela administração de Donald Trump.
“CNI atualiza projeção de impacto da tarifa dos EUA no Amazonas: as projeções dos impactos regionais, no País, das medidas tarifárias dos Estados Unidos até julho de 2025, divulgadas pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), hoje, 30, corrigem o valor divulgado ontem, 29, para o Amazonas. De acordo com o levantamento da CNI, as medidas acarretam variação negativa de 0,67%, o que representa uma contração de R$ 1,145 milhão no PIB estadual“, informou a nota com a correção sobre os dados.
Procurado pela CENARIUM, o superintendente da Zona Franca de Manaus (Suframa), Bosco Saraiva, rebateu os dados divulgados pela entidade e alertou sobre o erro ao não reconhecer os números da CNI, segundo os quais o Amazonas sofreria impacto econômico de R$ 1,1 bilhão com o tarifaço anunciado por Trump contra produtos do Brasil. “Não reconheço esses dados, me parecem fictícios. A ZFM exporta 1,5% de seu faturamento e menos de 10% disso foi para os EUA. A realidade é diferente. Não seguimos a CNI”, disse Bosco.
Em 10 de julho deste ano, o gestor da Suframa havia afirmado que a taxação de 50% sobre exportações brasileiras, anunciada por Donald Trump, teria impacto “quase insignificante” sobre a Zona Franca de Manaus, com pouca exportação para o mercado norte-americano. “Do ponto de vista das exportações do PIM, esse volume é quase insignificante para o seu faturamento”, declarou Saraiva.
O vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Antonio Silva, também afirmou que a tarifa de 50% para as exportações aos Estados Unidos não deve causar efeitos significativos sobre a ZFM.
“O impacto potencial é bastante limitado”, analisa Silva. A maior parte da produção do PIM destina-se ao mercado interno brasileiro, o que reduz significativamente o impacto da medida anunciada. “A balança comercial entre a ZFM e os EUA é amplamente favorável aos americanos: importamos deles quase 20 vezes mais do que exportamos”, apontou.
Tarifa sobre Brasil
Nesta quarta-feira, 30, uma medida do presidente norte-americano Donald Trump confirmou a sobretaxa de 40% sobre os produtos brasileiros, elevando o total para 50%. A medida, no entanto, prevê uma longa lista de exceções, como suco de laranja, aeronaves civis, petróleo, veículos e peças, fertilizantes e produtos energéticos. Ao todo, quase 700 itens ficaram fora da medida.
No documento, Trump cita que a Ordem Executiva (OE) é justificada por uma “emergência nacional”, em razão das políticas e ações “incomuns” e “extraordinárias” do governo brasileiro que, segundo o republicano, prejudicam empresas americanas, os direitos de liberdade de expressão dos cidadãos dos EUA e a política externa e a economia do país de modo geral.