‘Cocaína negra’ descoberta em operação na Amazônia continha cobre e metal misturada a droga

Cerca de 40 quilos de cocaína negra foram apreendidos no porão de uma embarcação (Foto: Divulgação/SSP)

Náferson Cruz – Revista Cenarium

MANAUS – Um tipo de cocaína negra, inodora e compacta, com a qual os narcotraficantes tentam evitar os controles antinarcóticos, identificado no Amazonas pela primeira vez em abril deste ano, teve o laudo pericial revelado nesta segunda-feira, 30. Com exclusividade, a REVISTA CENARIUM teve acesso ao resultado parcial das amostras que foram enviadas a sede da Polícia Federal (PF), em Brasília.

“Os traficantes usam substâncias químicas que fazem com que a droga fique com a cor negra, neste caso, conforme o laudo preliminar da PF, há presença de cobre e mais dois metais que ainda não foram identificados. O cloreto foi utilizado para oxidar o metal e dar a coloração, logo depois, remove-se as substâncias convertendo o metal para cocaína”, explicou delegado Paulo Mavignier, diretor do Departamento de Investigação sobre Narcóticos (Denarc).

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Diretor do Denarc, Paulo Mavignier explica a origem da “coca negra” (Lourenço Filho/Revista Cenarium)

Histórico

O delegado relatou que o Amazonas, até então, não tinha esse histórico de apreensão de “coca negra”. A droga de alto teor de pureza, segundo ele, foi encontrada pela primeira vez no dia 9 de abril deste ano, foram 40 quilos em meio a um carregamento com 630 quilos de entorpecente apreendido por policiais civis e militares do Especiais (Comando de Operações COE), além de agentes da Receita Federal.

A carga estava no porão de uma embarcação pesqueira vinda de São Paulo de Olivença, na região do Alto Solimões. A apreensão ocorreu nas proximidades de Manacapuru, a 84 quilômetros de Manaus. Cinco pessoas responsáveis pela droga foram presas. Segundo Paulo Mavignier, a apreensão gerou prejuízos de cerca de R$ 14 milhões ao crime organizado.

Apreensão

“No Amazonas não tinha esse histórico de apreensão. Durante a apreensão, chegamos a pensar que o traficante tinha sido enganado, pois quando abrimos e nos deparamos com o pó negro, semelhante ao pó de guaraná sendo mais escuro. O odin (cão) sinalizou como droga, ficamos na dúvida se o cão deu sinal para a coca negra, por ter estado em contato com a pasta base de cocaína ou skunk, ou se ele deu o sinal pela droga em si. A coca negra existe como forma de camuflar a detecção dessa droga, então ela quebra o odor e camufla a aparência”, contou Mavignier.

O material apreendido (mais de 600 quilos de drogas) representou um baque de R$ 14 milhões ao crime organizado (Foto: Divulgação/SSP)

O Denarc trabalha com a hipótese de que a coca negra, possivelmente, tenha vindo de Santa Rosa, no Peru, País considerado o maior produtor de pasta base de cocaína, enquanto que os laboratórios colombianos, atuam no processamento químico (refino) da droga. Em ações desencadeadas durante quatro anos no Amazonas, o Denarc apreendeu 23 toneladas de drogas.

 

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