Colômbia deixa de explorar combustíveis fósseis
Por: Cenarium*
17 de novembro de 2025
MANAUS (AM) – A Colômbia declarou nessa quinta-feira, 13, ser o primeiro país a deixar de explorar combustíveis fósseis ou mineração em larga escala na floresta amazônica. O anúncio aconteceu durante a reunião de ministros do Meio Ambiente da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), realizada na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), em Belém (PA).
Na ocasião, os colombianos convidaram os outros países que abrigam o bioma amazônico a fazer o mesmo, tornando a floresta “o coração da ação climática, justiça ambiental e paz com a natureza”. Segundo estimativas da ONG Earth Insight, 14% da floresta amazônica continental é sobreposta a blocos de petróleo e gás, o que equivale a 740 mil km² —mais do que o dobro da área do estado de Goiás.
“Embora a Colômbia represente apenas 7% do bioma amazônico, a amazônia é 42% do nosso território nacional, e é por isso que decidimos protegê-la em sua totalidade“, disse a ministra interina do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do país, Irene Vélez Torres. A área protegida é de mais de 483 mil km².
“Cuidar da Amazônia não é um sacrifício econômico; é um investimento ético no futuro da região e da humanidade“, acrescentou.

As outras nações amazônicas, porém, não parecem ter a intenção de fazer o mesmo tão cedo —a exemplo do Brasil, que já explora gás em terra e prospecta petróleo offshore, na bacia da Foz do Amazonas.
Em um evento da COP nessa sexta-feira, 14, o cacique Jonas Mura, da aldeia Gavião Real, em Silves (AM), lamentou a exploração de gás pela Eneva no território de seu povo, ainda não homologado. O cacique faz parte de uma aliança que pede que florestas tropicais sejam consideradas uma zona de exclusão dos combustíveis fósseis.
“Já estão extraindo gás natural em um território que é nosso e é sagrado“, afirmou. “Estamos ficando sem água potável, sem peixe, sem a nossa floresta. Ela está sendo destruída“.
O nível de dependência dos combustíveis fósseis amazônicos varia entre os diferentes países. Alguns precisam muito desses estoques, como a Bolívia (que é um grande exportador do gás extraído na floresta), e outros menos, como a Colômbia (em que a maior parte das reservas está na região conhecida como Orinoquia, no leste do país).
O movimento colombiano já tinha sido ensaiado em 2023, durante a Cúpula da Amazônia, encontro dos países membros da OTCA, que também aconteceu em Belém. Na época, a pauta opôs os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da Colômbia, Gustavo Petro, que chegou a acusar a esquerda de negacionismo climático ao se recusar a adotar a pauta.
O setor de mineração e energia representa 7% do PIB colombiano, gerando 33% do investimento estrangeiro, 56% das exportações e mais de 500 mil empregos formais.
Na cúpula de líderes mundiais que antecedeu a COP30, Petro puxou a orelha dos outros chefes de Estado e governo participantes, dizendo que estavam falhando no combate à crise climática.