Com cobertura vacinal em queda no País, infectologista alerta para importância e proteção contra sarampo, caxumba e rubéola
13 de maio de 2022
(Divulgação)
Ívina Garcia – Revista Cenarium
MANAUS – Muito se discute sobre a importância da vacinação, principalmente, nos primeiros anos de vida das crianças. No entanto, no Brasil, a desinformação tem sido a principal vilã contra a imunização dos menores. Isso porque nos últimos anos, fake news tentam a todo custo difamar a eficácia de vacinas que salvam vidas e inibem o reaparecimento de doenças.
Doenças como Sarampo, Pólio e Difteria, que já haviam sido erradicadas graças às vacinas, voltaram a aparecer no Brasil, resultado da falta de informação, confiança e disseminação de boatos irreais sobre as vacinas.
A queda na cobertura vacinal é algo de antes da pandemia, mas que segundo a UNICEF foi agravada, não só pelas fakes news, mas pelo medo de sair de casa durante o período mais grave da pandemia. Isso resultou em várias crianças e adolescentes com cartilha desatualizada, podendo estar suscetíveis a doenças evitáveis.
De acordo com a UNICEF, baseado nos dados do Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde, em três anos, a cobertura vacinal contra sarampo, caxumba e rubéola (Tríplice Viral D1) caiu de 93,1%, em 2019, para 71,49% em 2021, no Brasil.
Além da Tríplice Viral, a cobertura da vacinação contra poliomielite caiu de 84,2%, em 2019, para 67,7%, em 2021. Isso significa que três em cada dez crianças no País não receberam vacinas necessárias para protegê-las de doenças potencialmente fatais.
No Amazonas, entre 2019 e 2021, a cobertura de vacinação contra sarampo, caxumba e rubéola (Tríplice Viral D1) caiu de 92,1% para 69,4%, segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde de Manaus (SEMSA), os dados de 2022 ainda não foram divulgados.
Gráfico: Isabele Chaves /Revista Cenarium
Proteção
“Temos doenças sérias, além da tríplice viral, o sarampo é uma doença muito séria e que volta a circular. O Brasil já tinha erradicado o sarampo, mas tivemos casos no Ceará antes da pandemia da Covid-19 e isso aconteceu porque tinham pessoas susceptíveis, porque não estavam vacinadas”, explica a Médica Infectologista, Ana Galdina Mendes.
A médica explica que a vacina da tríplice viral é feita com vírus enfraquecidos, eles não causam doença, mas estimulam a imunidade. Parte das fake news partem de pessoas, que sem nenhum embasamento teórico, acabam lendo esse tipo de informação e interpretando de uma maneira errada.
Ana conta que antes da pandemia já acompanhava a queda nas propagandas a favor da vacina e acredita que esse tenha sido o impulso de tanta desinformação. “A gente via nas décadas de 90 e inicio do ano 2000, a figura do Zé Gotinha presente, e essa comunicação com a população foi se perdendo, junto com isso a gente teve a questão da internet, ela é uma ferramenta excelente, mas ela torna mais fácil o compartilhamento de uma informação que não é verdadeira. E como as pessoas não tem acesso ou não procuram um profissional de saúde para esclarecer essa informação, aquilo acaba virando uma realidade“, avalia.
Muitas das doenças que retornaram por baixa adesão à vacina podem levar à morte, a infectologista alerta para a importância da vacinação. “Então é preciso vacinar as crianças para que elas não adoeçam. Essas doenças podem tomar proporções que podem levar à óbito. Ou por um tempo muito longo com a doença, ou por sequelas causadas por elas. São doenças virais muito comuns na infância. Antigamente eram conhecidas como “doença de crianças”, mas são doenças que podem evoluir e se tornar graves“.
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