Com estreia em julho, curta gravado em Rondônia exalta belezas do sul da Amazônia, ganha exposição e circuito em festivais

Iury Lima – Da Revista Cenarium

VILHENA (RO) – Batizado em homenagem a um dos monumentos naturais mais belos entre o sudoeste de Mato Grosso e o sul de Rondônia, o curta-metragem documental ‘Parecis’, estreia no próximo dia 24 de julho, de forma gratuita e online, proporcionando um diferente olhar sobre a ancestralidade, belezas e características únicas do sul da Amazônia.

De autoria do jovem diretor de cinema Lucas Oliver, de 24 anos, o filme foi gravado na região de Vilhena e de outras quatro cidades do Cone Sul de Rondônia, no interior do Estado, durante nove meses. O resultado foi o feedback positivo de produtores Brasil afora, circuitos em festivais acadêmicos e populares de cinema, além de inspirar uma exposição com objetos e materiais utilizados em cena. 

Um dos objetivos foi de registrar e levar ao mundo as belezas e a história do sul da Amazônia. (Parecis/Divulgação)

O filme

‘Parecis’ é um mergulho no processo de formação da consciência coletiva do povo rondoniense, destacando o modo de vida e o dia a dia das esferas sociais do Estado, especialmente do Cone Sul, formado por sete municípios, respeitando desde povos indígenas, populações ribeirinhas, extrativistas e camponesas até o homem da cidade. Narrado de forma poética, destaca a ancestralidade da região, o sentimento de pertença e a veneração à natureza como a fonte de toda a vida.

Oliver, que pisou em um set de filmagem pela primeira vez aos 16 anos, conta que a ideia do curta-metragem surgiu a partir de uma conversa com a avó. “O que para ela era só uma história do que se contava de família para família, de casa em casa e de pai para filho, para mim acabou se tornando um roteiro. O nome surgiu graças à Chapada dos Parecis, que fica entre o Mato Grosso e Rondônia, região onde Vilhena está”, explicou o autor e diretor, Lucas Oliver, à reportagem da REVISTA CENARIUM.

“A principal ideia do filme era mostrar o que as pessoas não conhecem”, declarou o diretor ao comentar sobre a procura do cenário ideal e a proposta de mostrar algo diferente sobre a maior floresta tropical do mundo, especialmente na região de Vilhena, cidade a 705 quilômetros de Porto de Velho.

Por sua posição de quase 600 metros acima do nível do mar, o município tem clima mais agradável e ameno em relação ao restante de Rondônia, além de fauna e flora riquíssimas.

A equipe de produção percorreu 5 municípios do Cone Sul de Rondônia, durante 9 meses. (Lucas Oliver/Acervo pessoal)

Apesar do percurso de alguns bons quilômetros, para o idealizador, a busca valeu o custo, pois a sensação foi de encontrar um tesouro no quintal de casa. “E pensamos: meu Deus, pra onde eu olho? De repente a gente se depara com a historicidade e um cenário desse, que é incrível. O sul da Amazônia, o Vale do Guaporé, o Vale dos Parecis, a Chapada dos Parecis (…), suspirou. “O que a gente grava? O que filmar?”, completou ele.

“O desafio foi enxugar tudo isso e quebrar estereótipos. Aqui é como se fosse um jardim, é uma região árida e ao mesmo tempo muito úmida, então a gente gravou em duas épocas do ano, o período chuvoso e o da estiagem. E pensamos em como mostrar a fauna, a vida selvagem e ao mesmo tempo retratar o progresso, a cidade e o dia a dia, além de fazer isso tudo conversar. É uma poesia, o filme tem esse lado poético”, destacou Oliver. 

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Reconhecimento

Mesmo com estreia oficial programada apenas para o dia 24 deste mês, em um sábado, ‘Parecis’ já percorreu por festivais de academias de cinema e agora entra em cronogramas de festivais populares, onde fica, além de à disposição, na mira do voto do grande público.

A próxima exibição deve ocorrer em setembro, na convenção AgroLab, do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Além disso, o produtor e diretor recebeu o reconhecimento de outras regiões do País e de profissionais envolvidos na cadeia produtiva do audiovisual.

“O objetivo do filme era de ser um portfólio da região, fomentar o turismo e ser didático para as escolas. E de repente, a gente se depara com a oportunidade de estar em festivais, recebendo feedback e contato de produtores de outros estados dizendo que ficaram muito interessados e querendo saber se tudo isso realmente é daqui. Agora querem vir para cá e gravar algo também, porque acharam que foi fantástico”, expressou com alegria.

“Parecis já passou por alguns festivais do próprio Estado, como o Cine RO e O Matão, mas o que mais me surpreendeu foi a repercussão pelos festivais do Nordeste, onde a cultura é diferente, bem colorida, diversificada, com muita música e dança, e foi onde teve ótimas notas, principalmente em Maceió, cidade em que tive o maior feedback positivo e as pessoas se conectaram de uma forma muito legal”, ressaltou.

“O feedback foi a surpresa de saber que as pessoas se interessaram não só pelas belezas, mas também por esse valor cultural”,

Lucas Oliver, autor, produtor e diretor de ‘Parecis’
O sucesso de trabalho de estreia foi surpresa até mesmo para o diretor e autor do projeto, Lucas Oliver, de 24 anos. (Reprodução/Acervo pessoal)

O audiovisual (sobre)vive

Apesar de formado em Artes Visuais pela Universidade Luterana no Brasil (Ulbra) e de estudar Direção de Cinema pela Avmaker Academia de Cinevideo, Lucas Oliver esbarrou de cara na dificuldade de acesso aos meios de produção do audiovisual, muito mais acentuada no Norte do País, sobretudo em Rondônia. “Parecis trouxe esses vários muros e a gente foi pulando conforme dava. Conseguia um equipamento aqui, outro ali. Um editor aqui, outro lá, até desenvolver, por fim, o projeto”, explicou. 

“Eu acho que o Brasil todo, hoje, tem dificuldades para desenvolver o audiovisual, mas é mais preocupante aqui nesta região, por não haver nenhuma academia de cinema. E se não tem academia, não há formandos e sem  formandos, não há locadora, distribuidora, não tem ninguém no segmento e você acaba contratando de fora”, ponderou o diretor. 

Exposição e estreia 

Com 50 pessoas envolvidas na produção, o curta-metragem contou com recursos da Lei Aldir Blanc, de apoio e fomento à produção cultural durante a pandemia da Covid-19.

O material será disponibilizado nos canais da Fundação Cultural de Vilhena (FCV) e do próprio curta, pois, segundo Oliver, “a ideia era ser o mais acessível o possível, e, a forma mais acessível hoje são as plataformas de streaming”.

Antes de assistir, o público pode ainda ter uma experiência extra com a atmosfera de ‘Parecis’, por meio da Exposição Parecis: um recorte do Filme, que já está aberta à visitação, também de forma gratuita, no prédio da FVC até 16 de julho. A mostra apresenta objetos, materiais e figurinos utilizados em cena. Já no dia da estreia do filme, em 24 de julho, o evento segue para o shopping da cidade. 

“É um filme para encher os olhos e o coração. Este projeto tem como objetivo estimular as pessoas a conhecer mais sobre a cultura e a história da nossa terra, enaltecer a riqueza de Rondônia e o progresso que pode caminhar junto da cultura”, convida o autor.

Assista ao trailer de ‘Parecis’ 

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