Com novo aumento da inflação, desempregados tentam sobreviver com auxílio reduzido pelo governo federal

Com a pandemia, grande parte da população precisou lidar com desemprego. (Reprodução internet)

Matheus Pereira – Da Revista Cenarium

MANAUS – Com nova previsão de aumento consecutivo da inflação de 4,85% para 4,92%, especialistas entrevistados nesta terça-feira, 20, revelam que a alta do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve dificultar ainda mais a situação de boa parte da população desempregada, que conta com redução do Auxílio Emergencial do governo federal de R$ 600 para até R$ 150.

De acordo com economista Orígenes Martins, “os índices de mercado, entre outras coisas, tem na lei de oferta e demanda seu principal fator. A existência do auxílio emergencial é prova da falta de renda na população, o que influi nos fatores de aumento de preços e por consequência no aumento da inflação”, explicou o profissional.

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A economista Denise Kassama destaca que o País já estava em um processo de crise econômica desde 2014 e buscava a recuperação econômica quando a pandemia eclodiu. Denise explica ainda que a situação de crise na Saúde mundial trouxe junto vários indicadores negativos, como o desemprego e a inflação e que a alta de preços dos produtos, principalmente alimentos, tem relação também com a alta do dólar.

“Quando o dólar está alto, ele favorece as exportações, pois o ganho será maior em reais para o exportador. Então, considerando o cenário de pandemia onde todas as atividades econômicas tiveram dificuldades para desenvolver plenamente, inclusive a agrícola, temos uma safra inferior, em que o produtor destinou maior parte para exportação e assim maximizar seus ganhos (ou minimizar suas perdas), sobrando uma parcela menor para o mercado interno. A oferta menor e uma demanda crescente empurraram os preços para cima”, explicou a especialista.

População mais pobre

Denise aponta ainda que a inflação só não foi maior, porque itens como como vestuário e calçados não tiveram aumento, mas que o aumento foi visível nos alimentos e bebidas, o que faz com que o problema seja ainda maior. “Devemos levar em consideração que em questão de necessidade, uma família pode consumir menos itens de vestuário, mas não pode deixar de consumir alimentos. Por isso, o impacto é maior”, determinou.

Vivendo em meio a essa ‘bola de neve’ de aumento dos preços dos produtos e diminuição da renda, inclusive do próprio auxílio emergencial, que foi de R$ 600 e R$ 1.200 (mães solteiras) em 2020 para R$ 150 e R$ 375 (mães solteiras) em 2021, a dona de casa Elci Cunha, relata que o benefício oferecido pelo governo federal não é suficiente para comprar o necessário. “Achei que ficou bem complicado com a diminuição do auxílio. As coisas estão muito caras. São vários os produtos que percebemos o aumento, mas o que é mais visível é a carne, o óleo e o feijão”, contou Kassama.

Denise Kassama aponta que o auxílio ofertado pelo governo corresponde a uma cesta básica em Manaus, que, dependendo do tamanho da família, pode durar apenas uma semana. “A situação se agrava mais ainda se considerarmos que este auxilio beneficiou uma parcela menor da população, em uma taxa de desemprego alta e crescendo”, sentenciou.

Soluções

Orígenes Martins explica que como o próprio nome diz, o auxílio emergencial não é uma solução, mas sim apenas uma ajuda suplementar e que com a diminuição do valor em 2021, a situação depende ainda mais da urgência na criação de empregos. “Solucionar esta situação só vai ser possível quando tivermos programas de geração de empregos, que permitam que a renda se normalize e o consumo volte a ser fator não inflacionário”, explicou Martins.

Para Elci, a criação de empregos poderia ser uma solução, já que, segundo ela, as pessoas precisam de oportunidade de emprego, que não estão sendo facilitadas pelo governo. “Não podemos ter uma vida digna sem ter um bom emprego. Os nossos governantes infelizmente não estão fazendo nada para mudar essa situação”, contou a dona de casa.

Além da criação de empregos, Kassama destaca que o Brasil parece ir na direção oposta da maioria dos países que buscam recuperação econômica. “Enquanto a maioria dos países no mundo estão estruturando políticas de incentivo à produção e consumo interno, o Brasil continua com a agenda liberal, estimulando a abertura do mercado para que produtos importados possam competir com os produtos nacionais. O resultado dessa política é o que estamos observando: aumento dos índices de pobreza extrema e o retorno do Brasil ao mapa da fome”, finalizou.

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