Com pai na UTI, artista indígena faz vaquinha para custear tratamento contra Covid-19

O ancião Auipu Kamaiurá, de 70 anos, da aldeia Amarü, está internado em Brasília

Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium

MANAUS – O pai do artesão e pintor de quadros indígenas, Kayamuari Kamaiurá, ou “Wally Amarü”, de 39 anos, está internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), no Hospital Santa Lúcia, em Brasília, no Distrito Federal (DF), para tratar a Covid-19. Para custear o tratamento e permanecer como acompanhante do ancião Auipu Kamaiurá, de 70 anos, o filho está realizando uma vaquinha online. Neste sábado, 8, Wally contou que o quadro de saúde do pai piorou na noite de ontem.

“Meu pai está muito ruim. Ontem, ele piorou. Se alguém quiser ajudar, o nome dele é Auipu Kamaiura, tem 70 anos. Faz três meses [que ele está internado] e de acompanhante, está só eu. Preciso de ajuda para ir ao hospital, pagar alimentos para mim também, pois sem comer, não dá para ficar”, disse o artista.

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Wally e o pai são do povo Kamaiurá e são naturais da aldeia Amarü, cujo nome significa “lagoa sagrada”. A comunidade onde moram cerca de 53 pessoas está localizada no Parque Nacional Xingu, no Estado de Mato Grosso. Desde 2020, a região vem sofrendo com os impactos causados com a pandemia do novo coronavírus e o artista, por meio da venda de quadros, tem ajudado a minimizar os prejuízos econômicos.

Ajuda

Segundo Wally Amarü, há cerca de três meses o pai está com Covid-19, quando foi internado no em Mato Grosso, precisando ser transferido para o Hospital Santa Lúcia, em Brasília. Contudo, para se manter em Brasília e conseguir ajudar o pai, o pintor de quadros tem enfrentado dificuldades financeiras.

“Aldeia Amarü pede ajuda. Ficarmos doentes e não fizemos as roças, por isso há falta de alimento”, diz a publicação do indígena enviada à REVISTA CENARIUM. Segundo o artista indígena, a comunidade também está sem polvilho, alimento essencial para o sustento das famílias que moram na aldeia.

Para ajudar Wally a permanecer em Brasília e continuar como acompanhante do pai, Auipu Kamaiurá, a conta bancária do indígena é do Banco do Brasil: agência 13196; conta: 1137212. O CPF do artista é 027.490.781-05. Os interessados em ajudar também podem entrar em contato por meio do número: (61) 98257-4719.

‘Não queria mais perder ninguém’

Em entrevista à REVISTA CENARIUM em 2020, Wally Amarü falou sobre os impactos da Covid-19 na aldeia onde vive e como vem enfrentando o agravamento da pandemia. O novo coronavírus vitimou o cunhado e a mãe do artista. À época, o indígena também fez uma vaquina online para ajudar a comunidade Amarü.

O artista, que também é artesão de colares, pulseiras, cordões, começou a pintar em 2018 para mostrar a arte da aldeia com pinturas tradicionais. Mas por um período, ficou sem desenhar para construir ocas em São Paulo e em Brasília. No ano passado, a pandemia mudou os planos da comunidade, que se viu em meio às dificuldades financeiras até para a compra de medicamentos.

“Perdi meu cunhado primeiro e depois perdi minha mãe. Isso me fez pensar muito o que eu poderia fazer para ajudar, porque não queria mais perder ninguém”, revelou Wally, à época.

“Na aldeia, estava muito difícil sem medicamentos para tratamento da Covid-19 e pensei: ‘porque não pinto mais e vendo para ajudar minha família e minha comunidade?’. Aí comecei a pintar muitas telas e divulgar no meu Instagram e no Facebook também”, disse à época.

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