Com região Norte na liderança, consumo das classes C e D cresce no País, diz pesquisa

A Black Friday deve levar mais consumidores às ruas após a mitigação da pandemia (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)
Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium

MANAUS – O consumo das classes C e D subiu 8% no País, na passagem entre os meses abril e maio deste ano, com a região Norte despontando na liderança do ranking nacional, com um crescimento de superior a 14%. Os dados são da pesquisa mensal de Hábitos de Consumo da Superdigital, fintech do Santander, que busca traçar o perfil do consumidor. Os números surgem depois de uma sequência de três quedas mensais seguidas em fevereiro, março e abril.

Na região Norte, foram analisados os Estados do Pará e Amazonas, que registrou uma retração de 1% no mesmo período analisado, enquanto no Pará, a alta chegou em 33% no consumo. De acordo com a economista Denise Kassama, vice-presidente do Conselho Federal de Economia (Cofecon), a queda no Amazonas, mesmo que pequena, traduz num aumento na pobreza, que poderia ter sido pior, sem o auxílio emergencial do governo federal.

“O auxílio emergencial tem sido fundamental para que a tragédia social não seja pior. Mesmo assim, está longe de fornecer uma situação digna para a população. Essa situação se traduz no aumento da pobreza extrema e o retorno do País ao mapa da fome. Lembrando que é dever do Estado promover o bem-estar da população”, frisou a economista.

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Dados

Além da região Norte, o Sudeste (+10%), Sul (+9%), Centro-Oeste (+5%) e Nordeste (+2%) também apresentaram alta. As lojas de roupas (12%), transportes (10%), restaurantes (10%), combustível (8%) e hotéis e motéis (8%) foram os segmentos que mais impulsionaram os números da pesquisa. Gastos com diversão e entretenimento, por outro lado, encolheram -19%.

No Amazonas, que representa 2% das compras registradas no Brasil e 32% na região Norte, a queda foi estimulada pelos segmentos de rede online (-28%), serviços (-26%), hotéis e motéis (-23%), lojas de roupas (-13%), automóveis e veículos (-10%) e drogaria/farmácia (-2%). Os gastos que tiveram aumento foram com companhias aéreas (+121%), transportes (+23%), diversão e entretenimento (+14%), restaurantes (+10%), lojas de artigos diversos (+10%) e telecomunicação (+8%).

No Pará, que representa 3% das compras registradas no Brasil e 52% na região Norte, o aumento foi puxado pelas drogarias e farmácias (53%), automóveis e veículos (38%), restaurante (36%), combustível (27%) e serviços (25%). Companhias aéreas (-18%), telecomunicação (-8%), hotéis e motéis (-3%) tiveram queda.

“O setor de serviços é um segmento importante da economia, gerador de empregos em cadeia e renda. Com o aumento dos preços de bens e serviços, as classes C e D precisam optar pelo básico necessário. Se mal dá para comprar o necessário para alimentação, imagine se dar ao luxo de passear? Recompondo o poder aquisitivo dessas classes, elas passarão a consumir mais serviços”, explica a economista Denise Kassama.

Pandemia e aumento da cesta básica

Segundo a economista Denise Kassama, a pandemia do novo coronavírus e o aumento na cesta básica no Amazonas, cujo valor de R$ 265,19 já é maior que o auxílio emergencial disponibilizado pelo Governo Bolsonaro (sem partido), de R$ 150 (para quem mora sozinho) a R$ 375 (mães chefes de família), explica a queda do consumo do amazonense.

“Então, não sobra muita coisa ou quase nada para consumo, além do indispensável para subsistência das famílias. O Amazonas está entre as seis maiores taxas de desemprego no Brasil, com 17,5%. As dificuldades logísticas, e o constante aumento de combustíveis, encarece o frete de uma forma geral, impactando diretamente no preço dos produtos”, explicou.

Retomada

A retomada do crescimento econômico, na avaliação da economista, passa pela superação da pandemia para que as atividades possam funcionar normalmente sem risco para trabalhadores e consumidores. “O momento é oportuno para que o poder público promova ações no sentido de estimular a atividade econômica e a recomposição do poder aquisitivo. Sem dinheiro, não se consome. Se não consome, não gera emprego e não promove atividade econômica”, finalizou.

Veja a pesquisa na íntegra aqui.

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