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Comidas, cheiros, memórias e casa cheia: Natal na casa dos avós deixa marcas para o resto da vida
Família reunida na casa dos avós durante o Natal (Reprodução/Internet)
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25 de dezembro de 2021
Victória Sales – Da Revista Cenarium
MANAUS – Poder passar as festas de fim de ano, mais precisamente o Natal ao lado dos avós, é poder relembrar histórias e sentir-se acolhido. Como tradição, a ida para a casa dos anfitriões se tornou cada vez mais distante para algumas gerações com as pessoas tendo cada vez menos tempo, por conta da maior quantidade de trabalho acumulado. A equipe de reportagem da CENARIUM conversou com pessoas que contaram histórias sobre o poder de comemorar a data ao lado dos avós, cercados de boas histórias, casa lotada, comidas e cheiros marcantes.
Para o jornalista Luís Oliveira, era tradição da família se reunir na época do Natal. Na casa da irmã da sua avó, Lindalva e e do marido dela, José de Oliveira Rocha, por exemplo, os primos chegavam de Brasília e Goiânia e tornavam o ambiente alegre. A casa ficava lotada de gente. As idas ao shopping e supermercado eram, praticamente, a toda hora. O dia ficava cheio de coisas para fazer. Tudo era uma festa para ele.
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“Eu sempre fui muito apegado a minha avó, Rosanira Alves e a minha mãe Renata Oliveira. E no Natal, a gente sempre fazia muita festa. Eu acho o Natal a melhor época do ano. Talvez por conta dessas reuniões de família que, durante a minha infância, marcaram muito pelo fato de todos os familiares estarem presentes e a casa cercada de amigos. Eu acredito muito no verdadeiro sentido do Natal, do nascimento de Jesus Cristo, porque a minha família me ensinou isso e tive uma educação salesiana, mas eu também ganhava muito presente, de todos, pois na época, eu era a única crianças da casa, e, por isso, esperava ansioso o Natal todos os anos, como a maioria das crianças no mundo”, contou.
Luís relata ainda que de uns tempos para cá, depois que os primos casaram, cresceram e foram morar fora, foi percebido que essas reuniões não têm sido tão completas como antes, mas ainda sim, são realizadas com parte da família. “Eu vi uns memes na internet, recentemente, de uma casa, em um sítio, em uma foto antiga, cheia de pessoas e depois, a mesma casa vazia e abandonada e na legenda estava: ‘Saudades dos Natais na casa da vovó’ e eu realmente parei para pensar sobre isso e lembrei o quanto é importante comemorarmos hoje, enquanto há tempo, pois tudo passa muito rápido e depois ficam somente as lembranças”, completou.
Já a estudante Marcela Medeiros diz que todo ano passa o Natal na casa da sua avó paterna e isso é uma tradição na sua vida e da família desde que ela se entende por gente. “Nós somos pelo menos 30 pessoas entre tios, tias, primos e agregados e nos esforçamos muito para criar essas memórias, porque hoje em dia, principalmente, sabemos mais do que nunca que as pessoas não são eternas. Então, é muito importante nos reunirmos e todo o ano conseguimos transformar o Natal em uma grande brincadeira”, narrou.
Avós: elos de ligação
Os avós são as pessoas que possuem muitas histórias. O melhor é parar, sentar e ouvir, com toda a atenção do mundo, as histórias. Eles contam da infância, adolescência. Além disto, casa dos avós tem um cheiro especial. Seja de bolo fresquinho, de algum tempero, de rosas, de algum perfume.
Segundo o sociólogo Luiz Antonio, em todas as sociedades humanas, contemporâneas ou históricas, os idosos sempre foram fundamentais na medida em que eles são uma espécie de elo de ligação entre o passado e o presente apontando para o futuro. “Por isso que em todas as sociedades você vai encontrar rituais sociais, rituais de famílias ou comunitários, onde você tem um encontro entre jovens e idosos”, explicou.
Luiz Antonio destaca também que na sociedade ocidental esses rituais eram bastante comuns, assim como as festas de batizado, as festas de santo, todos esses momentos eram tempos de encontro de transição e de transmissão de elementos socioculturais e valores de princípios. “As festas das colheitas são fundamentais, não só como transmissão de conhecimento e de tradição cultural pela oralidade, mas também pelo exemplo”, relatou.
Questionado sobre o que esses encontros podem influenciar na vida das pessoas, Luiz explica que se tem um problema grave que é quando as famílias perderam muito o tecido social com o advento de uma fase do capitalismo que é mediada pelo individualismo e do consumismo, então tem jovens e seus pais cada vez mais distantes dos idosos. “Tem outro elemento importante que é a taxa de mortalidade entre idosos caiu exponencialmente nos últimos 30 anos, ou seja, eles estão sobrevivendo por mais tempo”, destacou.
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