Comissão Interamericana de Direitos Humanos cria grupo para proteger membros da Univaja


12 de agosto de 2023
Comissão Interamericana de Direitos Humanos cria grupo para proteger membros da Univaja
Sede da Univaja, em Atalaia do Norte, no Amazonas (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)
Da Revista Cenarium Amazônia*

SÃO PAULO – A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) comunicou nessa sexta-feira, 11, a constituição de uma Mesa de Trabalho Conjunta que visa garantir segurança a 11 integrantes da União dos Povos Indígenas do Vale (Univaja). A Univaja tem sede em Atalaia do Norte (AM) e ganhou notoriedade com o caso do assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, do The Guardian, em junho do ano passado.

As medidas cautelares servem para a proteção do líder e cocriador da Equipe de Vigilância da Univaja (EVU) Beto Marubo; Cristóvão Pissango Negreiros, membro da EVU; o procurador jurídico da Univaja, Eliésio da Silva Vargas Marubo; Higson Dias Castelo Branco, integrante da EVU; a antropóloga Juliana Oliveira; Manoel Barbosa da Silva, colaborador da Univaja; a advogada Natália France Neves Carvalho; o indigenista Orlando Possuelo; o coordenador da Univaja, Paulo Dollis, o vice-coordenador da Univaja, Varney Kanamary; e Valdir Estevão Marubo. 

Todos eles se encontram em maior vulnerabilidade por conta do trabalho que exercem na salvaguarda dos povos indígenas do Vale do Javari e de seu território, por sua participação direta nas buscas de Bruno Pereira e Dom Phillips e pela demanda por justiça, como ressaltou a CIDH.

O grupo da CIDH tem, ainda, outra missão: a de cobrar das autoridades a solução do caso e a punição da rede de responsáveis pela execução de Bruno Pereira e Dom Phillips. Há uma terceira função, que é a de estabelecer “medidas de não repetição” do incidente que envolveu o indigenista brasileiro, que já havia feito parte da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), sendo perseguido por ela durante o governo de Jair Bolsonaro, e o correspondente britânico.

A Mesa de Trabalho Conjunta resulta de uma proposta entre o governo brasileiro, beneficiários e seus representantes e foi formalizada em 31 de julho, conforme esclareceu a CIDH em nota. O prazo para definir um plano de ação é de dois meses, e a previsão é de que o grupo funcionará por dois anos.

Ronda de perigos

O líder Beto Marubo, vinculado à Univaja, já tem alertado para os perigos que os indígenas da região ainda sofrem, o que inclui ameaças de morte. Há cerca de três semanas, ele afirmou, em sua conta no Twitter, que os planos que o governo federal prometeu para a região não se materializaram.

A Terra Indígena Vale do Javari convive com um amontoado de dificuldades que desafiam as autoridades e colocam sob risco indígenas e defensores de direitos socioambientais, sendo as principais, o comércio ilegal de madeira, o desmatamento, a caça e a pesca ilegais e o garimpo ilegal. A região é habitada por cerca de 6,3 mil pessoas pertencentes a 26 povos e divididas em 64 aldeias.

O local centraliza o maior número de povos em isolamento voluntário do mundo, grupos que optam por manter distanciamento de não indígenas. Ao todo, são 19, de acordo com o Instituto Socioambiental (ISA), como os Mayuruna/Matsés, os Matis, os Kulina Pano, os Kanamari e os Tsohom-Dyapa.

(*) Com informações da Agência Brasil

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