Como usar a ciência do cérebro para mudar comportamentos e melhorar resultados
Por: Raphael Cortezão
19 de novembro de 2025Você já se pegou fazendo algo no automático, sem nem perceber que aquilo virou um hábito? Usar sempre a mesma xícara para tomar café, pegar o celular assim que acorda, abrir a geladeira sem fome… A ciência já mostrou que boa parte desses comportamentos não é fruto de escolhas conscientes, mas sim de processos automáticos do cérebro.
O neurocientista Joe Dispenza explica que nossos hábitos e crenças são resultados de conexões neurais reforçadas ao longo do tempo, como se fossem caminhos pavimentados que o cérebro prefere seguir por economia de energia. A boa notícia é que, assim como criamos esses padrões, também podemos mudá-los, e de forma muito prática.
O primeiro passo é reconhecer que pensamentos repetidos criam emoções repetidas, que, por sua vez, consolidam hábitos. Se você acredita, por exemplo, que “nunca vai ser bom em falar em público”, o cérebro reforça essa ideia até ela virar uma verdade interna. Para quebrar isso, é preciso trazer consciência e substituir o pensamento automático por outro mais favorável, como “estou aprendendo a me comunicar cada vez melhor”. Essa simples troca, repetida, começa a reconfigurar os circuitos neurais.
Outra estratégia é mudar o ambiente para mudar o hábito. Dispenza ressalta que contextos iguais disparam comportamentos iguais. Quer parar de checar o celular a cada cinco minutos? Deixe-o em outro cômodo enquanto trabalha. Ao quebrar a associação entre gatilho e ação, você força o cérebro a criar novos caminhos.
A visualização mental também é uma ferramenta poderosa. Pesquisas mostram que o cérebro não diferencia completamente algo intensamente imaginado de algo vivido. Ensaiar mentalmente uma nova rotina, como acordar cedo para se exercitar, ativa áreas cerebrais semelhantes às da prática real. Isso aumenta a probabilidade de o novo comportamento ser incorporado quando a situação acontece de fato.
Por fim, o humor é um aliado. Rir dos próprios automatismos e tratá-los com leveza diminui a autocobrança e gera dopamina, neurotransmissor ligado à motivação e ao prazer. Quanto mais prazer estiver associado à mudança, maiores as chances de o cérebro aceitar o novo hábito. É uma espécie de cola que fixa um hábito novo com mais facilidade na sua forma de viver a vida.
No fundo, o grande recado da neurociência é claro: você não precisa ser refém do piloto automático. Seu cérebro pode tentar te enganar com padrões antigos, mas você tem em mãos a capacidade de reprogramá-lo. Experimente aplicar uma dessas estratégias no seu dia a dia e perceba as mudanças acontecendo. Afinal, se o cérebro é moldado por repetição, que tal começar a repetir aquilo que realmente te aproxima dos seus objetivos?