Comportamento de anestesista preso por estupro é relacionado à ‘ideologia universitária’ por Bolsonaro

O médico Giovanni Quintella Bezerra, preso por estupro de paciente que passava por cesárea, na Baixada Fluminense (Fabiano Rocha/Agência O Globo)
Com informações da FolhaPress

BRASÍLIA – O presidente Jair Bolsonaro (PL) associou nesta terça-feira, 12, a conduta do médico anestesista Giovanni Quintella Bezerra, preso em flagrante pelo estupro de uma paciente no Estado do Rio de Janeiro, a uma suposta ideologia de esquerda que teria sido aplicada pela universidade onde ele estudou.

“A gente pensa, né, qual é a educação desse cara? O que aprendeu na faculdade? Lógico, aprendeu a ser anestesista lá, mas o que mais foi ensinado na faculdade para ele? O que tinha no centro acadêmico, qual ideologia dessa universidade?”, disse.

O mandatário afirmou que essas questões “vêm acontecendo ao longo de décadas e não dá para a gente mudar de uma hora para outra”. Segundo o chefe do Executivo, o anestesista expunha “ídolo de esquerda” em suas redes sociais, sem explicar a que se referia ou o contexto dessa informação.

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Em 2019, Bolsonaro declarou que o aluno de universidade no Brasil “faz tudo menos estudar”.

Ao fazer insinuação sobre a cultura universitária nesta terça-feira, o presidente não citou nenhuma instituição específica. Bezerra se formou em medicina pelo UniFOA (Centro Universitário de Volta Redonda), uma universidade privada, no primeiro semestre de 2017.

Em nota enviada após a divulgação do caso, na segunda-feira, 11, a universidade declarou “repudiar veementemente” qualquer ato que configure crime e disse esperar que “todas as medidas cabíveis sejam tomadas pelas autoridades competentes e pelo Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro”.

“O UniFOA, ao longo dos seus 54 anos de existência, vem formando profissionais para que exerçam suas profissões com responsabilidade, ética e respeito. Valores perpetuados e inegociáveis que norteiam as atitudes, comportamentos e resultados nas relações institucionais e humanas”, diz o comunicado.

Nesta terça-feira, o presidente disse que “qualquer punição é pouca” para Bezerra. “Preso em flagrante, acertadamente. Infelizmente, não tem prisão perpétua no Brasil. Imagina fazendo aquilo com esposa nossa, irmã nossa. Momento que estava dando à luz, anestesiada e o cara faz uma barbaridade daquela”.

Bolsonaro já foi réu perante o STF (Supremo Tribunal Federal) por apologia ao estupro, mas as ações penais tiveram tramitação suspensa após ele chegar à Presidência da República. A investigação foi aberta por ele ter afirmado, em meio a um bate-boca, que a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) “não merece” ser estuprada.

O anestesista foi preso na madrugada da última segunda-feira. A prisão foi realizada depois que funcionários da unidade de saúde filmaram o anestesista colocando o pênis na boca da paciente durante a cirurgia.

Após a divulgação do caso, uma segunda mulher se apresentou à polícia declarando também ter sido vítima de estupro pelo médico cinco dias antes.

Segundo a polícia, desconfiadas da postura do médico, enfermeiras do hospital decidiram usar um telefone celular para registrar o que ele fazia durante as cirurgias. O suspeito foi indiciado sob suspeita de estupro de vulnerável, cuja pena varia de 8 a 15 anos de prisão.

Nas imagens, a paciente aparece deitada na maca, inconsciente. Um lençol estendido sobre duas barras de ferro separa os demais médicos, que fazem a cesariana, de Bezerra, que está em pé próximo à cabeça da mulher.

O Cremerj (Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro) informou ter aberto um procedimento cautelar para a imediata suspensão do médico.

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