Comunicação violenta e o exemplo da liderança do Brasil


Por: Daniela Cardoso

23 de novembro de 2025

Nessa segunda estava assistindo ao vídeo do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, respondendo perguntas de forma agressiva. Pensei como este comportamento é comum, em maior ou menor proporção. Lembra da máxima: “os liderados refletem o seu líder”? Pois é, há muita gente seguindo este exemplo.

Antes que você continue lendo este artigo, quero deixar claro que não falei sobre decisões meramente político partidárias. Quero compartilhar reflexões sobre comportamento, comunicação, as duas estão intrinsicamente relacionadas.  

Você sabe o que é comunicação violenta? Tem muita gente que está acostumada ao convívio com pessoas agressivas que certos comportamentos já parecem normais.

A comunicação violenta não é aquela realizada apenas com gritos. Ironia, palavras que buscam depreciar, difamar e diminuir o outro, os gestos rígidos e uma linguagem corporal que buscam intimidar, o ato de ignorar, entre outros, também são formas de propagar a comunicação violenta.

Agimos com agressividade quando, por exemplo: estamos frustrados, não sabemos lidar com opiniões contrárias, quando as situações fogem ao nosso controle. Sabe aquela máxima: “a melhor defesa é o ataque”? Em algum momento todos nós já tivemos uma comunicação violenta.

Situações como essa mostram o descontrole emocional dos envolvidos. Certamente você já presenciou cenas do tipo ou já foi o autor da agressão. No caso que citei acima, Bolsonaro mostrou a completa falta de preparo em saber lidar com situações de pressão.

Diferente de outros militares de carreira, experientes, que seguram a pressão e mantêm “controle emocional” diante de situações adversas, o presidente segue um comportamento nada assertivo. Você pode argumentar: “mas ele também é muito agredido”, de fato. E permanece no ciclo da comunicação violenta. Se há perguntas feitas para desestabilizá-lo? Concordo, e ele pega corda, como se diz popularmente. Seria jogada de marketing?

Nos meus 20 anos de experiência na comunicação, parte deles treinando autoridades, oriento a manterem o foco, sustentarem o emocional de forma a evitar ceder às pressões. É possível treinar as emoções para saber responder questionamentos que lhes desagradam sem desequilíbrio. Muita gente que votou nele reprova tais comportamento.

Será que a melhor tática é seguir com agressividade, enquanto há técnica para responder de forma mais assertiva?    

Infelizmente essa é a realidade de milhares de profissionais que trabalham com chefes exatamente iguais. Pessoas tóxicas que estão contribuindo diariamente para adoecer os outros e não querem mudar esse comportamento.

Compreendo, mudar exige olhar para dentro, e para muitas pessoas, olhar para dentro dói. É cruel enxergar a realidade do que se é no espelho da própria vida, a soberba, prepotência e insegurança. A excessiva necessidade de manter o controle e que todos sejam exatamente como você quer, esconde insegurança, falsa sensação de superioridade e a visão de que todos os demais são inferiores.

Todos nós em determinado momento já usamos de violência ao nos comunicarmos. Errar é humano. Reconhecer o erro, buscar aprender e decidir mudar, é nobre. Já ajudei clientes, entre eles políticos, que me procuraram reconhecendo a necessidade de mudar e melhorar.

Basta à comunicação violenta. Viva o desenvolvimento humano e a humildade que nos permite perguntar diariamente: “como posso me comunicar melhor hoje?”

*Daniela Cardoso é Especialista em Oratória e Media Training.

(*)

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