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Congressistas dos EUA fazem apelo em defesa dos Munduruku
Crianças no III Encontro de mulheres Munduruku do médio Tapajós, na aldeia Sawré Muybu. Foto por Associação Indígena Pariri (Reprodução/Cimi)
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05 de abril de 2021
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium
MANAUS – Congressistas dos Estados Unidos fizeram um apelo para o embaixador do País no Brasil agir em defesa dos povos Munduruku, que têm suas terras invadidas por ladrões de terras públicas para mineração ilegal. O pedido é para que o governo federal brasileiro aja em defesa dos indígenas que sofrem ainda com as contaminações de Covid-19 levadas para suas terras pelos mineiros invasores. No entanto, os próprios congressistas apontam interesses econômicos na região.
Veja o documento completo:
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No documento direcionado ao embaixador, os membros da Câmara dos Representantes afirmaram que estão preocupados com a proteção da floresta amazônica e dos povos indígenas, os mais “efetivos” guardiões da Amazônia. Os congressistas ainda ressaltam que a preocupação é também com a segurança dos povos Munduruku, cujo território “no coração da Amazônia” está sob ameaça permanente e crescente de invasores, desmatamento e destruição.
O documento ainda cita a preocupação pela segurança individual das lideranças dos povos Munduruku e menciona as organizações Movimento Munduruku Ipereg Ayu e a Associação de Mulheres Munduruku Wakoborun, esta última tem como líder uma testemunha de uma atividade suspeita na frente da sua casa, com veículos estacionados por longos períodos e tirando fotos individuais de seu marido e advogado. A carta direcionada fez ainda referência ao ataque à Associação Wakoborun no último dia 25 de março.
“Infelizmente, esses acidentes são partes de um processo longo de ameaças aos líderes Munduruku e podem ser um presságio de ações de violência contra eles. Como você pode lembrar, lideranças e ativistas da Amazônia já foram vítimas de violência e até morte”, destaca um trecho.
Mineiros e Covid-19
O documento pontua ainda “grande preocupação” pelo crescimento da invasão de mineiros armados ilegalmente no território Munduruku, o que “significa uma ameaça iminente às comunidades e para o meio ambiente”.
Em outro trecho, os congressistas apontam a questão da disseminação da Covid-19 e destacam a preocupação dos mineiros estarem infectados com a doença, causando impacto nas comunidades indígenas e contribuindo para a morte de centenas de nativos.
Apelo
O apelo dos Congressistas ainda encoraja o embaixador Todd Chapman a discutir essas preocupações com o presidente Jair Bolsonaro e com o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e ainda questioná-los sobre ações concretas que têm de ser tomadas para agir contra os mineiros ilegais no território Munduruku.
Interesses
O documento, assinado por Raul Manuel Grijalva, também indica um ponto de interesse econômico e político do governo dos Estados Unidos na questão, que seria o investimento em uma empresa de mineração com investimentos do País, que atua na região.
“O atual conflito dos Munduruku está relacionado diretamente às políticas e à economia dos Estados Unidos na Amazônia brasileira. Por exemplo, as empresas e bancos com investimentos dos Estados Unidos, como Black Rock, Vanguard, Ip Morgan Chase and Bank of America, que investiram bilhões de dólares na Anglo-American, uma empresa mineradora que, segundo os congressistas, “tem tentado conseguir permissões de mineração no território Munduruku e tem enfrentado oposição”.
Apelo do MPF
Os Munduruku habitam áreas indígenas no sudoeste do Estado do Pará, leste do Estado do Amazonas e oeste do Estado do Mato Grosso.
No último mês de março, o Ministério Público Federal (MPF) pediu atuação de forças federais para conter o avanço da invasão de garimpeiros na região do igarapé Baunilha, em Jacareacanga, no oeste do Pará, dentro do território do povo indígena Munduruku. Segundo a instituição, denúncias apontaram um aumento nas invasões, com a entrada de um grande número de pás carregadeiras.
Lideranças Munduruku enviaram documentos ao MPF informando a situação, pedindo apoio das autoridades e informando que os invasores estão fortemente armados e estavam fazendo ameaças aos que resistissem ao avanço dos garimpeiros. Para o MPF, há “risco iminente de um conflito no interior da terra indígena Munduruku, diante da articulação dos indígenas contrários à mineração ilegal para combater diretamente a entrada das máquinas”.
Em documentos enviados à Polícia Federal, que já investiga a atuação de grupos criminosos dentro da área indígena, o MPF pediu providências para conter o avanço dos garimpeiros, se necessário com o apoio de outras forças policiais. A requisição foi feita em caráter de urgência.
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