Congresso adia pautas polêmicas até fechar janela partidária, mas abril sugere ameaças

Brasília promete muitas turbulências políticas, sobretudo, em relação às pautas ameaçadoras às causas indígenas e ambientais (Arte: Isabelle Chaves)

Com as “águas de março fechando o verão”, o céu de abril, em Brasília, promete muitas turbulências políticas, sobretudo, em relação às pautas ameaçadoras às causas indígenas e ambientais. Duas semanas depois da aprovação do requerimento de urgência do PL 191/2020, que legaliza a mineração em Terras Indígenas, as discussões sobre o tema deram uma parada para retomar com força total assim que fechar a janela partidária, quando os parlamentares trocam de sigla sem sofrer sanções por infidelidade partidária. Até encerrar este período, em 1º de abril, os políticos só pensam ‘naquilo’, ou seja, no partido que lhes possa garantir uma reeleição mais fácil.

Tratoraço na Câmara

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), já deu pistas a aliados que retoma em duas semanas a formação do Grupo de Trabalho que terá 30 dias para apresentar um relatório acerca do projeto. Isso porque a maioria dos líderes partidários ainda não indicou os nomes para compor o GT. Não em protesto contra o PL, mas, porque estão em plena dança das cadeiras, definindo suas novas siglas. Um experimentado parlamentar diz que o relatório do GT, de maioria governista, será favorável à exploração da mineração, hidrelétrica e de petróleo e gás em Terras Indígenas, que pode ser aprovado na Câmara. Restam as esperanças de barrar a proposta no Senado.

Braga Neto no Centrão

Estão avançadas as conversações para que o ministro da Defesa, general Braga Netto, ingresse no PL. A ideia era de que ele poderia ir para o Republicanos ou o PP, para que não se formasse uma chapa puro-sangue. Mas, Bolsonaro enterrou as últimas esperanças do Centrão de indicar um político para o cargo. No PL, as conversas estão adiantadas. Bolsonaro fez questão de anunciar que “vice não é para ajudar a ganhar a eleição, é para ajudar a governar o Brasil, porque ganhar eleição é menos difícil do que governar”. Braga Netto, então, veste o figurino do Centrão, mesmo tendo reforçado em coro ao colega general Augusto Heleno a versão sobre um famoso samba: “se gritar pega Centrão, não fica um meu irmão”.

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Filiação dia 30

Bolsonaro reforçou que busca um seguro impeachment ao resumir que tem “de ter um vice que não tenha ambições de assumir a minha cadeira ao longo do meu mandato”. Em seguida, avisou que seu vice nasceu em Belo Horizonte e cursou colégio militar. A data da filiação de Braga Netto ainda não está fechada, mas deverá ocorrer depois que o general deixe o Ministério da Defesa, a princípio, dia 30, podendo ser dia 31 de março, para que ele possa conduzir um evento de “aniversário da Revolução de 64”, como os militares que apoiam o golpe se referem à Ditadura Militar. Isso, muito embora ele e o presidente estejam sendo desaconselhados a comemorar a data.

Lula na TV

Com seu vice, Geraldo Alckimin, já definido e filiado ao PSB, Lula se ocupa de gravar mais seis vídeos para as inserções do horário partidário no rádio e na TV, que vão ao ar até maio. Líder nas pesquisas, Lula vai focar nos temas mais ‘comezinhos’ à população: a alta da inflação da cesta básica, aumentos de preços dos combustíveis, transposição do Rio São Francisco, importante no Nordeste, defesa das empresas públicas como Petrobras e Eletrobras e do “Estado Forte”. Por ora, não há perspectiva de anunciar itens do programa de governo, diz uma fonte petista. O comando dos programas é do marqueteiro Augusto Fonseca.

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