Congresso afasta por unanimidade presidente do Peru por ‘incapacidade moral’


Por: Ana Pastana

10 de outubro de 2025
Congresso afasta por unanimidade presidente do Peru por ‘incapacidade moral’
A presidente do Peru, Dina Boluarte (Reprodução/Presidência do Peru)

MANAUS (AM) – O Congresso do Peru aprovou, na madrugada desta sexta-feira, 10, o afastamento da presidente Dina Boluarte, sob a acusação de “incapacidade moral”. A decisão foi unânime entre os parlamentares, e o chefe do Congresso, José Jerí, assumiu interinamente a presidência em uma cerimônia realizada logo após a votação.

O pedido de destituição foi apresentado por 34 congressistas de diferentes partidos e cita acusações de corrupção, incluindo o caso “Rolexgate”, que investiga uma coleção de relógios de luxo não declarados pela ex-presidente.

A presidente do Peru, Dina Boluarte (Reprodução)

Em seu primeiro discurso, Jerí, de 38 anos, prometeu um governo de reconciliação nacional e declarou “guerra ao crime”. “O principal inimigo está lá fora, nas ruas: as gangues criminosas”, afirmou.

Membro do partido conservador Somos Peru, Jerí torna-se o sétimo presidente do país desde 2016. Ele afirmou que defenderá a soberania nacional e garantiu que entregará o poder ao vencedor das eleições gerais marcadas para abril de 2026, data mantida após a queda de Boluarte.

Durante a madrugada, multidões se reuniram em Lima, em frente ao Congresso e à embaixada do Equador, onde havia rumores de que Boluarte buscaria asilo político. Segundo a agência Associated Press, parte da população celebrou a decisão, com bandeiras, danças e instrumentos musicais.

Em pronunciamento após a destituição, a ex-presidente afirmou ter trabalhado “pelo povo peruano”. “Não pensei em mim mesma, mas nos peruanos”, declarou.

Dina Boluarte, de 63 anos, havia assumido a presidência em dezembro de 2022, após a destituição e prisão de Pedro Castillo, que tentou dissolver o Congresso. Seu governo foi marcado por forte rejeição popular, com índices de aprovação entre 2% e 4%, denúncias de enriquecimento ilícito e críticas à repressão de protestos, que deixaram dezenas de mortos, segundo organizações de direitos humanos.

A crise política também foi agravada por decisões polêmicas, como o aumento do próprio salário em julho deste ano. Em meio à escalada da violência no país, Boluarte chegou a atribuir parte da criminalidade à imigração ilegal, o que gerou nova onda de críticas.

De acordo com dados oficiais, 6.041 pessoas foram assassinadas entre janeiro e meados de agosto, o maior número para o período desde 2017. As denúncias de extorsão também cresceram 28% em relação ao ano anterior.

Com o afastamento de Boluarte, o Peru reforça o histórico de instabilidade política: o país contabiliza sete presidentes em menos de dez anos e quatro ex-líderes presos, refletindo a crise institucional que se arrasta há mais de uma década.

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