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Conheça o ‘Santo Judeu Milagreiro’ do cemitério cristão católico de Manaus
A sepultura do 'santo judeu' no cemitério público de Manaus é alvo de homenagens dos fiéis católicos do Amazonas (Reprodução/ Internet)
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02 de novembro de 2020
Mencius Melo – Da Revista Cenarium
MANAUS – O Cemitério São João Batista em Manaus guarda algumas relíquias entre elas o jazigo do Rabino Shalom Emanuel Muyal. Rabino Muyal é considerado um ‘santo milagreiro’ pela comunidade cristã católica da capital do Amazonas. Todos os anos, placas de graças alcançadas e pedrinhas são postas em seu túmulo.
Na cultura religiosa judaica, não existe a figura do ‘intercessor’ entre Deus e os homens, portanto, inexiste a cultura do santo. Para os judeus, os milagres e graças alcançadas vêm direto do Criador, evitando-se assim, o que prega o segundo mandamento que diz que: “Não farás para ti imagem esculpida…”.
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De acordo com Isaac Dahan, líder religioso da comunidade judaica de Manaus, os milagres atribuídos ao ‘santo judeu’ são inúmeros e atravessam gerações. “Ao rabino Muyal são atribuídos muitos milagres e ele é considerado um santo para os cristãos de Manaus, mas na cultura judaica não existe um mediador entre Deus e os homens”, explicou.
Misticismo
Segundo Dahan, a figura do rabino ganhou um status de místico graças aos milagres a ele atribuído. “Quem for ao cemitério irá constatar as inúmeras placas de agradecimento às graças alcançadas de fiéis que rogam ao rabino bem como pedras e outras homenagens ao ‘santo judeu milagreiro’”, destacou o líder religioso.
A mística de Muyal é tanta, que mesmo a comunidade judaica tendo um espaço destinado aos judeus, no cemitério de Manaus, o Comitê Israelita do Amazonas (Ciam), entidade judaica no Estado, não transferiu a sepultura. “O comitê não considera transferir os restos mortais do rabino porque isso pode criar uma animosidade desnecessária”, observou Isaac Dahan.
Dahan reforçou a posição, relembrando um episódio dos anos 1970. “Durante o governo Menahem Begin, em Israel, um parente de Muyal alçou grande cargo e com isso entrou em contato para transferir os restos do rabino para Israel. Com a ação, percebemos que a população iria se revoltar, por isso decidimos encerrar qualquer tratativa nessa direção”, recordou Isaac Dahan.
História
Pouco se sabe, em Manaus, sobre Shalom Emanuel Muyal. Segundo registros, ele veio para a Amazônia em 1908 diretamente do Marrocos, para verificar a situação de centenas de famílias de judeus marroquinos que desde 1810 emigravam para a região. Entrou por Belém do Pará e, após dois anos, teria contraído febre amarela e veio a falecer em Manaus, no ano de 1910.
Em seus últimos dias foi amparado por D. Cota, uma jovem judia que dele cuidou. Após sua morte, Cota passou a ter o dom de curar enfermos. Suas mãos operaram curas. Ela, que jamais foi versada na medicina, diziam as pessoas da época, fora abençoada por Deus pelo que fez durante a doença do rabino. Desde então Shalom Muyal entrou para o panteão de ‘santos da Amazônia’.
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