Constituição brasileira vai ganhar versão em língua indígena Nheengatu da Amazônia


31 de maio de 2023
Constituição brasileira vai ganhar versão em língua indígena Nheengatu da Amazônia
Constituição brasileira envolta de um cocar indígena (Reprodução/API)
Mencius Melo – Da Revista Cenarium

MANAUS – O Brasil receberá, em primeira mão, a inédita versão da Constituição Federal em Nheengatu, a ‘Língua Geral’ dos povos indígenas da Amazônia, no dia 19 de junho. A língua falada no Alto Rio Negro, no Amazonas, até o Médio Tapajós, no Pará, está sendo traduzida por 12 representantes dos povos amazônicos, com a consultoria de integrantes do Direito, sob supervisão da juíza Andrea Medeiros.

De acordo com Medeiros, em entrevista à REVISTA CENARIUM, o projeto surgiu das observações da ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, quando veio ao Amazonas. “Nessa viagem, ela teve contato com os povos e as realidades de regiões como o Vale do Javari e, assim, teve a ideia de criar essa versão da nossa Carta Magna”, explicou a magistrada.

Equipe de tradutores e coordenação em reunião virtual (Andrea Medeiros/Reprodução)

A inciativa do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) tem parceria com o Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), por meio da Escola Superior da Magistratura do Amazonas (Esmam), sob direção do desembargador Flávio Pascarelli, a pedido da ministra Weber, que também é presidenta da entidade.

Coube a Andrea Medeiros, magistrada com experiência em populações indígenas do Amazonas, coordenar e ajudar a construir o projeto. “Convidamos 12 tradutores para fazer parte do projeto que caminha a passos largos para ser concluído o mais breve possível, porque já temos 70% da Constituição traduzida”, revelou.

Entrega

Os trabalhos da equipe tem prazo curto para conclusão, já que a no dia 19 de junho a ministra Rosa Weber volta ao Alto Rio Negro para, mais uma vez, visitar os povos originários e as comunidades tradicionais. Na ocasião, Weber irá entregar a Carta Magna traduzida. “A Constituição em Nheengatu será entregue, em cerimônia, no município de São Gabriel da Cachoeira, às organizações e lideranças presentes”, afirmou Andrea.

Ministra Rosa Weber durante visita ao Estado do Amazonas (Reprodução/Divulgação)

Participam do projeto Marco Lucchesi, da Biblioteca Nacional, a convite do CNJ e o linguista José Ribamar Bessa Freire. A consultoria jurídica ficou a cargo de Luana Marley de Oliveira e Silva, Andrea Medeiros e Inory Kanamary. A coordenação é de Luís Geraldo Sant’Ana Lanfredi, Andrea Medeiros e Luanna Marley de Oliveira e Silva.

Os cinco líderes da equipe de 12 tradutores são: Dadá Baniwa, Edison Cordeiro Gomes, George Borari, Melvino Fontes e Edilson Martins. “Todos os envolvidos, bem como o TJAM, a Esmam e o CNJ, além da Biblioteca Nacional, estão empenhados nesse marco na literatura jurídica do Brasil”, comemorou Andrea.

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