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No Amazonas, consultora prepara curso para mulheres que querem ingressar na política
Profissional em oratória e media training, Daniela quer mulheres firmes na linha de frente da política partidária (Reprodução/Divulgação)
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04 de agosto de 2020
Mencius Melo – da Revista Cenarium
MANAUS – Desmistificar a política partidária como um campo de atuação masculina e fortalecer um discurso conecto com a realidade social presente, esse é o objetivo da jornalista e consultora amazonense Daniela Cardoso, do canal ‘Oratória de Impacto’, que preparou uma sessão de vídeos intitulada ‘Mulher Precisa Falar’, que será lançada segunda, 10, na rede social You Tube.
Em entrevista para a REVISTA CENARIUM, a consultora explicou os motivos para tomar a iniciativa.
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“Trabalho com comunicação e já atendi muitas pretendentes a ingressar em disputas políticas e foi a partir desse contato que percebi certas dificuldades e inseguranças”, observou.
Para Daniela, o ambiente excessivamente masculino que permeia a política partidária, contribui para um cenário por vezes árido da participação feminina. “É um quadro histórico que estamos lutando para mudar porque é latente que quando uma mulher se posiciona no campo político, ela é inundada de críticas e julgamentos morais”, criticou.
‘Louca, histérica e de TPM…’
Ainda segunda a consultora, a forma encontrada pelo machismo estrutural no Brasil, é de desqualificar o discurso feminino, dentro de um espectro minimizador.
“Quando a mulher fala com incisão, ela é logo taxada de louca, histérica, mau amada ou de estar com TPM”, lamentou.
Para quebrar esse estigma a partir da própria mulher, Daniela Cardoso preparou uma série de vídeos cujo slogan é: ‘Sem mi mi mi sem blá blá blá – mulher precisa falar’.
“Já estive em eventos político partidários como convenções ou mesmo reuniões de legenda, como consultora, visitante ou mesmo mediadora e em todos percebi muitas mulheres encolhidas na hora de falar, mesmo com a plateia atenta e em silêncio”, recordou.
Objetivo
Para garantir transmissão de conhecimento, Daniela pretende estimular nas mulheres, firmeza no discurso. “Quero que elas tenham confiança tamanha para falar a todos de igual para igual, fazendo sua voz ecoar”, enalteceu.
“Afinal, mulheres mais ouvidas, são mulheres mais seguras”, asseverou.
Para finalizar, Daniela Cardoso adiantou à reportagem que a série na verdade é um esquenta para um projeto mais audacioso.
“Vou lançar um processo seletivo para mulheres que não tem grana para pagar essa consultoria, serão ao todo cinco mulheres selecionadas por mim e pela minha equipe de trabalho e partir disso, vamos ter três sessões individuais presenciais, para fortalecer a voz dessas batalhadoras”, explicou.
Mulheres na política amazonense
Mesmo com forte tradição patriarcal, o Amazonas é pioneiro no campo da participação feminina na política partidária. É da ‘Terra das Icamiabas’ – lendárias guerreiras indígenas montadas a cavalo – avistadas segundo relato por Frei Gaspar de Carvajal em 1542, que foi eleita a primeira senadora da república.
Eunice Michilles foi eleita no ano de 1979 pelo partido Arena. Eram os duros tempos da ditadura militar no Brasil e segundo os arquivos da Câmara Alta, a senadora não teve nenhum projeto voltado para garantir direitos das mulheres, aprovados por seus párias.
Na galeria das mulheres que ousaram quebrar paradigmas estão ainda a senadora Vanessa Grazziotin (PC do B-AM), a deputada estadual Bety Suely e a deputada federal Beth Azize, que também fizeram história.
Atualmente o Amazonas não tem senadora e nem parlamentares federais mulheres. São três vereadoras na câmara municipal: Mirtes Salles (Republicanos-AM), Profª Jaqueline (Podemos-AM) e Glória Carrate (PL-AM).
Na Assembleia Legislativa do Estado estão quatro parlamentares, são elas: Joana Darc (PL-AM), Terezinha Ruiz (PSDB-AM), Mayara Pinheiro (Progressistas-AM) e Alessandra Câmpelo (MDB-AM). Das quatro parlamentares, Alessandra Câmpelo é a que alcança maior cargo na casa. A parlamentar é vice-presidente da Aleam.
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