Contraste de pesquisas chama atenção em Belém: Igor ou Edmilson à frente?


Por: Fabyo Cruz

26 de setembro de 2024
Contraste de pesquisas chama atenção em Belém: Igor ou Edmilson à frente?
Igor Normando e Edmilson Rodrigues aparecem em primeiro lugar nas pesquisas eleitorais (Composição: Weslley Santos/CENARIUM)

BELÉM (PA) – As eleições municipais de 2024 em Belém têm chamado a atenção não apenas pela disputa entre os principais candidatos, mas também pela disparidade nos resultados das pesquisas eleitorais. Dados recentes revelam números distintos, por exemplo, em pesquisas divulgadas pela Quaest e pelo Instituto DataIlha, levantando dúvidas e questionamentos entre os eleitores da capital paraense. A divergência entre os resultados acendeu o debate sobre o que poderia estar por trás dessas diferenças e até que ponto elas influenciam o voto dos eleitores.

Na pesquisa Quaest estimulada, contratada pela TV Liberal e divulgada em 21 de setembro, o candidato Igor Normando (MDB) aparece liderando com 42% das intenções de voto. O Delegado Eder Mauro (PL) ocupa a segunda posição, com 21%, seguido de um empate técnico entre Edmilson Rodrigues (Psol), Thiago Araújo (Republicanos) e Jefferson Lima (Podemos). A pesquisa ouviu 900 eleitores entre os dias 18 e 20 de setembro, com uma margem de erro de três pontos percentuais para mais ou para menos.

Pesquisa Quaest à Prefeitura de Belém (Reprodução)

Por outro lado, o Instituto DataIlha, em sua pesquisa estimulada de 22 de setembro, coloca Edmilson Rodrigues na frente, com 28,3%, seguido de Igor Normando, com 26,8%. Eder Mauro aparece com 15,4%. Essa pesquisa ouviu 1.200 eleitores entre 18 e 20 de setembro, com uma margem de erro de 2,8%.

Diante dessa disparidade, eleitores têm se perguntado: por que os resultados das pesquisas eleitorais à Prefeitura de Belém são tão diferentes?

Entenda as diferenças

Para entender melhor essa situação, especialistas apontam para uma série de fatores. À CENARIUM, o professor Carlos Souza, doutor em ciência política e docente da Universidade Federal do Pará (UFPA), explica que as pesquisas eleitorais são “fotografias” de um momento específico, capturando o humor do eleitorado em determinado período.

“Essas variações podem ocorrer devido a mudanças no cenário político, como uma boa campanha ou uma denúncia que afete a percepção dos eleitores”, observa Souza. Ele também menciona que diferentes segmentos do eleitorado podem ser capturados de maneiras distintas pelas pesquisas, o que favorece um ou outro candidato dependendo da amostra.

Professor doutor em ciência política Carlos Souza (Arquivo pessoal)

A socióloga e mestra em ciência política Karen Santos, professora da Faculdade Estácio do Pará (Estácio-FAP), complementa, destacando que as metodologias adotadas pelos institutos de pesquisa também desempenham um papel importante nas divergências.

“Institutos como o Quaest utilizam dados externos, como informações do IBGE e do Pnud, enquanto outros, como o Datafolha, realizam suas próprias amostragens sem recorrer a fontes externas. Isso, naturalmente, influencia os resultados”, afirma. Além disso, a forma como a pesquisa é conduzida – seja presencialmente, por telefone ou online – pode alterar as respostas dos eleitores.

Possíveis manipulações?

As teorias sobre a possível manipulação de pesquisas também surgem em meio ao debate. De acordo com Karen Santos, pode haver casos em que institutos menos consolidados são contratados para favorecer determinados candidatos, embora ela ressalte que, entre os institutos mais respeitados, as variações são resultados das diferentes metodologias adotadas.

Socióloga e mestra em ciência política Karen Santos (Arquivo pessoal)

“Com o crescimento de novos institutos de pesquisa nos últimos anos, essas disparidades se tornaram mais evidentes. No entanto, é normal que pesquisas apresentem resultados diferentes, especialmente quando consideramos o contexto das redes sociais e o volume de informações a que os eleitores estão expostos”, comenta.

Influência sobre o eleitorado

Embora as pesquisas possam gerar confusão, elas também desempenham um papel importante na formação da opinião pública. Segundo Carlos Souza, elas podem animar militâncias e influenciar eleitores indecisos, especialmente quando o “voto útil” entra em jogo. Eleitores que desejam evitar a vitória de um candidato específico podem acabar votando em quem tem mais chances, mesmo que essa não seja sua primeira opção.

Contudo, é importante lembrar que as pesquisas não são definitivas e, para Karen Santos, os votos tendem a oscilar até o último momento. “Com o avanço das campanhas, os indecisos tendem a se alinhar com algum candidato, o que pode mudar significativamente o cenário observado nas pesquisas iniciais”, conclui.

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