Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium
MANAUS – A diretora-presidente da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM), Rosemary Costa Pinto, disse nesta quarta-feira, 14, que a falta do uso de máscaras de proteção em meio à movimentação em torno do período eleitoral e o feriadão de 5 e 7 de setembro deste ano, resultou no crescimento de casos em 48% dos municípios do Estado.
A diretora-presidente destacou um relaxamento da população quanto às medidas preventivas durante o verão amazônico. “A partir desses eventos, 15 dias depois nós começamos a ver o aumento no número de casos, principalmente, em Manaus, mas temos também aumento da curva no interior”, apontou a Rosemary, durante divulgação do Comitê de Enfrentamento da Covid-19 do Governo do Amazonas.
Segundo o levantamento do comitê, 26 dias após o feriado, Manaus apresentou um aumento de 147,3% na média móvel dos casos do novo Coronavírus, enquanto que o interior amazonense registrou alta de 80,2%, o que vem refletindo no maior número de hospitalizações.
“Essa movimentação em torno do período eleitoral tem levado a maior exposição das pessoas. Temos, hoje, na semana 40 e 41, um crescimento de Covid-19 em 48% dos municípios do Estado, ou seja, 30 municípios dos 62 estão apresentando crescimento no número de casos”, apontou a diretora-presidente da FVS.
Rosemary pontou que, quando o quadro de saúde dos pacientes no interior do Amazonas se agravam, eles são encaminhados para Manaus, aumentando a demanda da capital amazonense.
“Além de Manaus, chama atenção Parintins, Carauari, Tefé e Amaturá. Parintins, por exemplo, é um município que mantém uma estabilidade alta no número de casos na média móvel”, destacou.
Internações
Rosemary disse, ainda, que a FVS vem percebendo um aumento no número de internações em Unidades de Terapia Intensivas (UTIs), em Manaus, e apontou que o perfil de leitos ocupados com pacientes confirmados com Covid-19 lembram o início da pandemia no Amazonas.
“Temos uma estabilidade na rede pública, com exceção dos casos registrados no Hospital Delphina Aziz, mas na rede privada nós percebemos um número menor de casos no início de agosto, mas a partir da segunda quinzena de setembro, essas internações praticamente duplicou na rede privada, o que demonstra que nós estamos que estamos com perfil do início da pandemia”, salientou.
No início da pandemia, o perfil da população infectada com o novo Coronavírus eram das classes A e B, pelo fato dessas pessoas terem condições de viajar e estarem em regiões onde a circulação do vírus começou.
“Depois, tivemos um predomínio. Essa população das classes A e B se mantiveram todas em casa, protegidas, enquanto que as classes C e D se expuseram mais e passaram a apresentar o maior número de casos. Agora, vemos novamente as classes D e C com o aumento no número de casos, levando em conta que essa população começou a sair das medidas de restrição, mas sem o devido cuidado”, relembrou.
A diretora-presidente destacou que quem está contraindo a Covid-19, em maior número, são pessoas na faixa etária de 20 a 49 anos, tanto na capital quanto no interior. A maior quantidade de casos também se deve a maior oferta de diagnósticos.
“Quando nós avaliamos as hospitalizações, observamos um crescimento nas faixas etárias acima de 40 anos e principalmente nas faixas etárias acima de 60 anos. Quem adoece e quem contrai o vírus, são os mais jovens que estão se expondo em locais de aglomeração, mas quem adoece gravemente são os de mais idade e os mais jovens que têm morbidade. É um ciclo que a gente percebe claramente”, elencou Rosemary.