Thiago Fernando – Da Revista Cenarium*
MANAUS – Após o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgar que o mês de junho bateu o recorde de alertas de desmatamento, desde o inicio da série histórica, iniciada em 2015, nesta-segunda-feira, 13, o ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, assinou a exoneração da coordenadora-geral de Observação da Terra, Lubia Vinhas. A decisão foi publicada na edição do Diário Oficial da União (DOU) e levantou novas críticas à política ambiental do governo Bolsonaro.
Lubia Vinhas chefiava o departamento do Inpe responsável por monitorar a devastação da Amazônia, através do sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter). A exoneração foi uma surpresa até para a própria pesquisadora, que em entrevista ao Estadão, revelou que só tomou conhecimento de sua saída atrás do DOU.
Após a demissão ser publicada, o Greenpeace se posicionou por meio de nota. A entidade afirmou que a demissão “não surpreende” em razão de decisões anteriores tomadas pela gestão Jair Bolsonaro, mas “dá novamente a entender que o governo é inimigo da verdade”.
“Mas não será escondendo, passando uma maquiagem nos dados ou investindo em propaganda que o governo irá mudar a realidade. E isso acontece por uma razão bem simples: Bolsonaro não quer mudar os rumos da sua política, afinal, a destruição é o seu projeto do governo”, diz o comunicado.
Outras mudanças
Vale ressaltar que essa não a primeira mudança no Inpe que levanta questionamentos. No ano passado, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) decidiu demitir o então diretor Ricardo Galvão, por questionar duramente o Governo Federal por ‘camuflar’ os dados sobre o desmatamento.
No último dia 10, o Inpe informou que o sistema ‘Deter’ indicou a perda de 1.034,4 km² no mês de junho, dado que representa uma alta de 10,65% em relação a junho do ano passado, quando os alertas apontaram desmate de 934,81 km². Em apenas um mês, foram derrubados na Amazônia o equivalente à área da cidade de Belém (Pará).
Na última sexta-feira, 10, em entrevista ao Estadão, o vice-presidente Hamilton Mourão afirmou que o sistema de monitoramento brasileiro é ‘péssimo’. “Um bom sistema de monitoramento tem de ser preventivo e o nosso só fala depois, quando é tarde demais”.
(*) Com informações do Estadão Conteúdo
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