COP30: bioeconomia da Amazônia receberá R$ 20 bilhões em novos incentivos
Por: Fred Santana
14 de novembro de 2025
BELÉM (PA) – A bioeconomia da Amazônia ganhará um novo impulso com o anúncio de R$ 20 bilhões em incentivos destinados a micro e pequenos empreendedores da região, feito pela ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, na quarta-feira, 12, durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que é realizada em Belém, no Pará.
Além disso, o governo federal, em parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), anunciou mais US$ 1 bilhão em crédito para Estados e municípios investirem em infraestrutura urbana sustentável.
“A COP é um sucesso absoluto. Ela tem dois resultados: um para o mundo e outro para o País que cedia. Para o Brasil, especialmente para os Estados amazônicos, o resultado concreto já aconteceu desde o primeiro dia,” afirmou Tebet, destacando que a preparação começou até dois anos antes do evento.

Segundo a ministra, o financiamento de R$ 20 bilhões, articulado com o BNDES e o BID, destina-se a empreendedores locais que atuam em cadeias produtivas sustentáveis, como “do açaí ao cacau, passando pelo pescado e pela floresta”. O objetivo, segundo ela, é estimular a economia verde, gerar empregos e valorizar os recursos naturais da Amazônia.
Financiamento verde para cidades amazônicas
Além do investimento voltado à bioeconomia, Tebet anunciou uma linha de crédito de US$ 1 bilhão, já disponível para Estados e municípios amazônicos aplicarem em projetos de sustentabilidade urbana.
“A maioria da população aqui não vive na floresta, vive na cidade e não pode ficar para trás. A gente não pode garantir a pauta da sustentabilidade sem pegar na mão e dizer: você não vai passar fome, vai sair da palafita, vai ter casa popular, teto solar, água encanada e saneamento,” declarou.
Os financiamentos, segundo a ministra, terão juros baixos, carência prolongada e garantia do Tesouro Nacional, o que deve facilitar o acesso dos governos locais aos recursos. A proposta também prevê que o transporte público na Amazônia seja elétrico, com o intuito de reduzir as emissões de carbono e modernizar as frotas de ônibus da região.
Recuperação de áreas degradadas e integração de biomas
Durante o evento, Tebet mencionou ainda uma parceria inicial com o Governo do Pará, liderado por Helder Barbalho (MDB), voltada à recuperação de áreas desmatadas. “A gente fala muito em preservar a Amazônia, mas e o que já foi desmatado? Esse talvez seja o projeto mais importante, porque propõe uma engenharia inteligente para recuperar o que já foi perdido,” afirmou.
A ministra ressaltou que, embora os investimentos tenham foco na Amazônia, os recursos também poderão ser aplicados em outros biomas brasileiros. “Esses 20 bilhões também podem ser destinados ao Cerrado, à Caatinga, à Mata Atlântica e aos Pampas. A Amazônia depende do Cerrado e o Cerrado depende da Amazônia. Se tiver seca no Mato Grosso, Goiás, Tocantins ou no Matopiba, não tem comida na mesa do trabalhador brasileiro,” explicou.

Tebet concluiu destacando a interdependência entre agricultura, segurança alimentar e conservação ambiental, reforçando sua posição como representante do agronegócio no governo. “Como agronegócio, eu sou representante do agro e, como mulher, digo que o nosso desafio é fazer a economia crescer sem destruir o que nos sustenta,” disse.
