COP30 em Belém recebe apoio unânime de governadores
Por: Fabyo Cruz*
14 de agosto de 2025
BELÉM (PA) – Governadores e vice-governadores de todo o País reafirmaram, nessa quarta-feira, 13, apoio irrestrito à realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30) em Belém, capital do Estado do Pará. A decisão foi formalizada em carta aprovada ao fim da XVII Reunião do Fórum Nacional dos Governadores, que destacou a soberania da Amazônia e o papel estratégico do Brasil na agenda ambiental global.
O encontro ocorreu no Centro de Economia Criativa, no Parque da Cidade, local que sediará a conferência, e reuniu o governador Helder Barbalho (PA), outros 18 governadores e vice-governadores, além da vice-governadora e presidente do Comitê Estadual da COP30, Hana Ghassan; do presidente da COP30, André Corrêa do Lago; do presidente da Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), deputado Chicão; e do prefeito de Belém, Igor Normando.
Abrindo o fórum, Helder Barbalho defendeu que a COP30 seja tratada como agenda nacional, para além do campo estritamente ambiental. “É importante termos ciência de que a COP não é apenas um evento ambiental. Hoje, o meio ambiente deve ser visto de forma transversal, dialogando com todas as agendas econômicas e geopolíticas do planeta”, afirmou.

Barbalho informou que mais de 30 obras estruturantes estão em andamento em Belém, com geração de mais de cinco mil empregos diretos. O governador citou, ainda, o crescimento de 68% na abertura de novas empresas em 2025 e a projeção de o Pará figurar, pela primeira vez, em terceiro lugar no ranking de crescimento do PIB, com alta prevista de 3,5% neste ano. “É fato que ser sede da COP posicionou Belém em uma condição de protagonismo”, disse.
André Corrêa do Lago apresentou um panorama histórico das negociações climáticas e ressaltou que as COPs “se tornaram um encontro não só dos governos que negociam, mas também do setor privado, da ciência, da academia e da sociedade civil”.
Cobrança aos grandes emissores
Entre as manifestações durante o fórum, o governador do Amazonas, Wilson Lima, defendeu que a COP30 seja uma vitrine para a perspectiva amazônica. “A COP é uma oportunidade importante, uma vitrine, para que a gente possa contar a nossa história do ponto de vista de quem mora na Amazônia, de quem vive a realidade da Amazônia. […] É importante a presença dos governadores aqui em Belém, aqui na Amazônia, para entender o esforço que está sendo feito para que a gente possa receber um evento como esse”, disse.

Já o governador de Mato Grosso, Mauro Mendes, criticou países que, segundo ele, não cumprem as metas climáticas assumidas e defendeu cobrança mais incisiva. “Não dá para aceitar que eles venham aqui, mais uma vez na nossa casa, colocar o dedo na nossa cara e dizer aquilo que nós devemos fazer com as nossas florestas, com os nossos biomas, quando eles não cumprem aquilo que combinaram com o mundo e com todos nós. O Brasil […] representa apenas 3% das emissões globais”, ressaltou.
“A ONU soltou recentemente um levantamento. 75 países cumpriram 1% do que planejaram, quando deveriam ter cumprido no mínimo 45%. Os Estados Unidos estão aumentando o consumo de xisto […] A China continua queimando carvão. Temos que fazer a nossa parte, temos que preservar, mas não podemos ficar com hipocrisia achando que com 3% nós vamos salvar o planeta, enquanto grande parte dos países não está fazendo a sua parte”, completou.
O que diz a carta aprovada
O colegiado divulgou a “Declaração de apoio do Fórum Nacional de Governadores à realização da COP30 na cidade de Belém do Pará”, datada de 13 de agosto de 2025. Entre os principais trechos, o documento afirma: “As Governadoras e os Governadores […] reafirmam apoio irrestrito ao evento e à Cúpula dos Líderes na cidade de Belém, considerando […] as providências estruturais que estão sendo efetivamente adotadas […] para a garantia de seu sucesso”.
O documento também destaca o papel do Brasil na agenda climática. “A promoção da COP30 […] expressa o compromisso dos estados subnacionais brasileiros com as diretrizes climáticas mundiais e com a necessária liderança do Brasil no enfrentamento dos desafios ambientais globais”, diz trecho.
