COP30 entra em mutirão de decisões e Lula retorna a Belém para ampliar esforços


Por: Ana Cláudia Leocádio

17 de novembro de 2025
COP30 entra em mutirão de decisões e Lula retorna a Belém para ampliar esforços
O presidente da COP30, André Corrêa do Lago (Rafa Neddermeyer/COP30 Brasil Amazônia/PR)

BELÉM (PA) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que deve chegar nessa quarta-feira, 19, em Belém (PA), está extremamente envolvido com os temas da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que ganham a partir dessa terça-feira, 18, ritmo de força-tarefa, que está sendo denominado pela Presidência da conferência como “Mutirão da Decisão”. A avaliação é do presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, para quem Lula está pronto para ajudar naquilo que for preciso impulsionar nessa semana decisiva da conferência.

“O presidente [Lula] está extremamente envolvido na questão da COP, extremamente. A COP é o resultado de dois anos e meio de política externa, que começou em Belém, na Conferência da OTCA, da Cúpula da OTCA, e que continuou com o G-20, continuou com os Brics e, agora, com a COP30. Então, o presidente está muito envolvido, muito interessado nesses temas e, além do mais, ele está indo para o G20, no dia seguinte”, declarou Lago.

A Cúpula da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) ocorreu em Belém nos dias 8 e 9 de agosto de 2023, e reuniu chefes de Estado, ministros e representantes dos oito países membros, além de convidados. Em 16 de novembro de 2024 foi realizada, no Rio de Janeiro, a Cúpula do G20, que reúne os países mais desenvolvidos e convidados. Em julho deste ano, foi a vez do Brasil sediar a reunião da Cúpula dos Brics, que atualmente conta com 11 países-membros. Em todas as ocasiões, Lula convidou os chefes de Estado para a COP30 e chamou a todos para implementarem as medidas previstas no Acordo de Paris.

O presidente da COP30, André Corrêa do Lago (Rafa Neddermeyer/COP30 Brasil Amazônia/PR)

A última semana da COP30 em Belém começou com a abertura das plenárias do Segmento de Alto Nível, que conta com a presença dos ministros das partes que compõem a Convenção sobre Mudança do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU), podendo contar ainda com chefes de Estado. Corrêa do Lago também apresentou uma inovação nesta COP: a montagem de dois pacotes para discutir os temas mandatados em um mutirão que demandou a ampliação de horário de trabalho dos delegados. O horário, antes definido das 9 horas às 18 horas, a partir desta terça-feira, 18, deverá ir até as 21 horas ou mais.

Segundo Corrêa do Lago, o secretário-Geral da ONU, Antônio Guterres, chegou em Belém nesta segunda-feira 17, e também está comprometido em fazer com que a COP em Belém dê resultados. “Quem chegou aqui foi o secretário-geral da ONU, acabou de chegar, e que também está extremamente empenhado em que essa conferência seja um sucesso. Então, é muito bom você estar cercado de pessoas empenhadas em fazer da COP30 um sucesso”, afirmou o presidente da conferência.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a cerimônia de abertura da COP30 (Ricardo Stuckert/PR)

Uma das propostas feitas por Lula, ainda na Cúpula dos Líderes, realizada nos dias 6 e 7 de novembro, antes de começar a COP30, é a criação do Mapa do Caminho para Longe dos Combustíveis Fósseis, tópico que não integra a agenda formal da conferência e que ainda está em debate para ver se é possível entrar em algum documento final. “O presidente tem sido muito vocal. Isso é um tema extremamente importante para ele não há a menor dúvida”, concluiu Lago.

A ideia de Lula, ao propor o Mapa do Caminho para sair da dependência dos combustíveis fósseis, é que o documento defina diretrizes objetivas, com prazo e dentro das condições de cada parte para alcançarem o objetivo de longo de prazo. Como explicou o secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores embaixador Maurício Lyrio, em entrevista coletiva, ao anunciar a proposta, o presidente fez uma referência muito clara em relação ao tema, “apontando uma direção futura para que nós, efetivamente, nos engajemos na elaboração desse mapa do caminho”.

Pacotes de Belém

A Presidência da COP30 decidiu dividir as discussões finais desta semana em dois pacotes, que foram chamados de Pacote de Belém. De acordo com a diretora-executiva da conferência, Ana Toni, nesse pacote, há várias sugestões, vários documentos podem fazer parte deles, como a decisão do Programa de Trabalho de Ambição e Implementação de Mitigação (MWP, na sigla em inglês), decidido na COP27, no Egito, em 2022; a decisão de adaptação global; o programa de adaptação dos Emirados Árabes; e os planos nacionais de adaptação, entre outros.

O presidente da COP 30, André Corrêa do Lago conversa com a CEO COP 30, Ana Toni (Ueslei Marcelino/COP30)

Os quatro temas inseridos no primeiro pacote são: finanças; Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), com as metas climáticas de cada parte para um prazo de cinco anos; medidas unilaterais de comércio; e, por último, a frequência do Biennial Transparency Reports (BRT), ou seja, Relatórios Bienais de Transparência, considerado elemento-chave do Acordo de Paris, no qual os países relatam de forma detalhada e padronizada as suas ações climáticas.

“Tudo isso formaria o Pacote Belém, mas essa ainda é apenas uma sugestão. Algumas dessas decisões podem migrar para o segundo pacote e algo do segundo pode migrar para o primeiro. A sugestão da presidência é que o Pacote Belém contenha a decisão MWP mais todos esses outros documentos relacionados. O formato final será definido conforme as negociações avançam”, explicou.

A ideia é chegar a um acordo do primeiro pacote até quarta-feira, 19, e avançar até sexta-feira, 21, o segundo pacote com os demais temas. De acordo com André Corrêa do Lago, a ideia de estruturar o trabalho desta semana em blocos chegou das partes à Presidência da COP30.

“Surgiu do clima criado na primeira semana. Não foi uma decisão unilateral da presidência. As partes propuseram tentar fechar um pacote mais cedo, se possível. Consultamos o secretariado, que seria responsável por trabalhar a noite inteira preparando documentos. Eles reagiram de forma extremamente positiva, dizendo que valia a pena”, argumentou Lago.

Os integrantes da Presidência da COP30 explicaram que não há hierarquia entre os dois pacotes, porque temas importantes para algumas partes, podem não ser de alto interesse para outras.

Para a embaixadora Liliam Chagas, diretora do Departamento de Clima do Ministério das Relações Exteriores (MRE), um dos principais objetivos com a adoção da nova metodologia é fortalecer o multilateralismo.

“Uma forma concreta é entregar resultados em todos os mandatos que deveriam ser concluídos em 2025. A diferença entre os pacotes é técnica: o primeiro reúne temas interligados e, o segundo, trata de temas autônomos”, reiterou a diplomata.

Um exemplo, citou Liliam, é o Plano de Ação de Gênero, que é de altíssima prioridade para o Brasil, mas está no segundo pacote porque o texto é longo e não está diretamente ligado às consultas da presidência.

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Editado por Jadson Lima

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