COP30 volta atrás e libera comercialização de pratos típicos da Amazônia no evento
Por: Lucas Thiago
17 de agosto de 2025
MANAUS (AM) – A Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI) retirou, neste sábado, 16, a proibição para a venda, nas áreas oficiais da 30° Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), de três produtos da culinária amazônica: açaí, tucupi e maniçoba. A liberação foi publicada por meio de nota no site do evento.
A OEI publicou errata referente ao Edital de Licitação nº 12060/2025 — Organização de Estados Ibero-americanos – OEI/Secretaria Extraordinária para a COP30 – SECOP — sobre a contratação de empresas para operação de restaurantes da COP30, que vetava a comercialização dos alimentos alegando “alto risco de contaminação“.
Segundo o texto, após análise técnica, “a culinária paraense será incorporada e o detalhamento da oferta de alimentos no evento será realizado após a seleção dos fornecedores“.
A mudança acontece após declarações do ministro do Turismo, Celso Sabino, que afirmou, em publicação nas redes sociais, que a OEI errou ao querer “proibir” o açaí de integrar o cardápio gastronômico da COP30. O ministro afirmou que o documento seria reeditado para contemplar o produto natural de Belém, cidade que sediará o evento este ano.
“Outro dia tentaram tirar de Belém o título de capital do brega. Agora, quiseram deixar de fora o nosso açaí na COP. Pera aí, aqui não“, escreveu o ministro ao publicar seu vídeo com uma frase regional ao final.
Veja o vídeo do ministro:
No vídeo o ministro afirma que a organização errou gravemente com o impedimento das vendas dos produtos tradicionais. “Pecou, cometeu um grave erro impedindo um dos principais produtos da gastronomia paraense“, disse Sabino na gravação.
Produtos alimentícios como ostras cruas, maionese, carnes mal passadas e sucos de fruta natural continuam proibido. O evento será realizado em Belém a capital paraense, entre os dias 10 a 21 de novembro deste ano.
Leias também: Açaí, tucupi e maniçoba: COP30 proíbe pratos típicos da Amazônia em evento no Pará
Entenda o caso
A Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI) lançou um edital nesta semana, que vetava produtos típicos da Amazônia durante a (COP30, que será realizada entre os dias 10 e 21 de novembro deste ano.
A OEI é responsável por fazer as contratações para o primeiro evento climático na Amazônia, por meio de um acordo com o governo federal. A entidade apontou que os alimentos da lista trazem alguma forma de risco. Também estavam na lista maionese, ostras cruas, carnes malpassadas e sucos de fruta in natura, segundo o jornal O Globo.

O documento citava que o fruto tem “risco de contaminação por Trypanosoma cruzi (causador da doença de Chagas), se não for pasteurizado”. Assim, todos os tipos de açaí estão proibidos na conferência. Sobre o tucupi e a maniçoba, a OEI afirma que ambos podem “conter toxinas naturais se não forem devidamente preparados”.
Leia também: Países pedem saída da COP30 de Belém, afirma presidente da conferência
Tanto a maniçoba quanto o tucupi possuem ácido cianídrico, um composto tóxico que pode oferecer riscos à saúde. Para torná-los seguros ao consumo, é necessário um longo processo de preparo: no caso da maniçoba, as folhas da mandioca devem ser moídas e cozidas por aproximadamente sete dias. Já o tucupi passa por etapas de fermentação e fervura, que ajudam a neutralizar ou eliminar a substância.

“A lista de alimentos apresentada deve ser rigorosamente seguida na elaboração dos cardápios. O descumprimento dessa exigência poderá resultar na solicitação de substituição de itens”, registrava um trecho do edital.
O documento estabeleceu que cada categoria de restaurante deve seguir normas específicas na elaboração dos cardápios. Segundo a OEI, foram definidos pelo menos seis estilos de culinária: VIP Internacional, VIP Brasileira/Regional, Italiana, Vegana/Vegetariana, Pan-americana e Brasileira/Regional.

Nos restaurantes de padrão VIP Internacional exige-se a representação de pelo menos quatro continentes, valorizando técnicas e temperos originais, aliados a uma apresentação moderna. Já os estabelecimentos voltados à culinária Pan-americana precisam abranger as cozinhas da América do Norte, Central e do Sul, priorizando o uso de ingredientes típicos, como milho, mandioca, quinoa, cacau e frutas tropicais.
Itens proibidos
Açaí – apresenta risco de contaminação pelo Trypanosoma cruzi, parasita transmissor da doença de Chagas.
Tucupi e maniçoba – segundo o edital, podem conter toxinas naturais caso não passem pelo preparo adequado.
Ostras cruas e carnes malpassadas – oferecem risco de transmissão de vírus e bactérias.