Coronéis ligados a Amazonino querem suspender benefícios dados pelo Governo do AM a policiais

O coronel aposentado da PM-AM, Amadeu Soares (à esq.), o ex-governador Amazonino Mendes (ao centro) e o coronel aposentado da PM-AM, Walter Cruz. (Divulgação)
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium

MANAUS – As articulações políticas de pré-candidatos ao Governo do Amazonas não poupam nem mesmo os benefícios estaduais concedidos a 10 mil policiais militares da ativa no Estado. “Isso é errado. Se esses benefícios seguirem sem a nossa inclusão, vamos à Justiça até que os direitos sejam igualados”, disse o coronel da reserva Walter Cruz à CENARIUM, ao justificar o interesse em pedir a suspensão dos benefícios anunciados aos PMs da ativa na última sexta-feira, 3.

Neste domingo, 5, informações veiculadas pelo site “O Poder” indicaram que Walter Cruz e Amadeu Soares se articulam contra os benefícios anunciados pelo governador Wilson Lima (PSC). Segundo o site, os dois trabalham diretamente com o ex-governador Amazonino Mendes. No entanto, Walter Cruz informou à CENARIUM que não está trabalhando com o ex-governador. “O objetivo da reunião é discutir a equiparidade dos benefícios concedidos aos policiais militares que estão na ativa. Nós, que estamos na reserva, precisamos ser incluídos nessa lista de PMs que serão beneficiados. É injusto, pois imagine um coronel ganhar menos que alguém com patente inferior. Isso é errado. Se esses benefícios seguirem sem a nossa inclusão, vamos à Justiça”, disse Walter Cruz.

Segundo o site “O Poder”, a fonte, que preferiu não se identificar, informou que em uma reunião na manhã desse sábado, 4, a ideia discutida foi a de fomentar um “motim” entre doze coronéis da reserva que estão insatisfeitos para pressionar tanto o comando da PM-AM quanto o Governo do Amazonas a conceder benefícios, também, para eles. “Até que o grupo de oficiais aposentados seja também contemplado, eles estão dispostos a prejudicar as quase 10 mil famílias de PMs e bombeiros em atividade”, revelou a fonte, segundo o site local.

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Os dois coronéis ocuparam cargos de confiança nos governos de Amazonino. Amadeu Soares já foi titular da Secretaria de Segurança Pública (SSP-AM), onde também já atuou como secretário extraordinário. Também de acordo com a fonte, os oficiais estão dispostos a fazer “o que for necessário” e avaliam uma ação judicial para impedir, inclusive, que o aumento e as melhorias nas gratificações já anunciados sejam pagos aos PMs da ativa em janeiro de 2022.

Ainda segundo a fonte, em determinado momento da reunião foi percebido que o pedido do grupo ia além dos benefícios salariais. “Você via claramente que eles veem nisso uma possibilidade de atrapalhar o atual governo. Se a tropa não receber o aumento em janeiro, o Wilson (Lima) fica mal com a gente e é ganho político para eles”, explicou.

A CENARIUM tentou contato com o coronel Amadeu, que também participou da reunião, segundo Walter Cruz, mas, até a publicação desta matéria, os telefonemas não foram atendidos e as mensagens enviadas pelo aplicativo WhatsApp foram ignoradas. A reportagem também aguarda um posicionamento do ex-governador Amazonino Mendes sobre as tratativas ocorridas na reunião.

Benefícios em xeque

Na sexta-feira, 3, o governador do Amazonas, Wilson Lima, apresentou um conjunto de propostas de modernização e valorização profissional de policiais militares e bombeiros do Estado. As leis equiparam a previdência das categorias a das Forças Armadas, modificam regras de trabalho extra e criam gratificação salarial para militares que concluírem cursos de especialização, mestrado e doutorado.

Com a proposta do governo estadual, policiais militares e bombeiros passam a contar com uma Gratificação de Curso (GC), incorporada ao salário do servidor após sua finalização. As gratificações serão de 25% para especialização, 30% mestrado e 35% para doutorado. Com isso, um soldado, por exemplo, poderá contar com gratificação de R$ 1.207,86, caso faça especialização, e um coronel, de R$ 7.792,61, ao concluir doutorado.

O governo amazonense também reformulou o regime de pagamento de trabalho extra. A Gratificação de Trabalho Extra (GTE) se transforma em Serviço Extra Gratificado (SEG), que passa a ser de R$ 40 por hora. Com isso, um soldado que ganha GTE de R$ 910 por mês terá a possibilidade de receber até R$ 1.920 pelas mesmas horas trabalhadas.

Entre os benefícios do novo regulamento previsto na Lei nº 13.954, de 16 de dezembro de 2019, destacam-se maior seguridade social, além de paridade e integralidade em casos de pensionistas. Atualmente, a pensão corresponde a um percentual da remuneração do militar. Com a mudança, o valor corresponderá à remuneração integral.

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