Coronel da PM-RR e vereador receberam apoio financeiro do tráfico, diz PF


Por: Ian Vitor Freitas

19 de dezembro de 2024
Coronel da PM-RR e vereador receberam apoio financeiro do tráfico, diz PF
O coronel Lisboa Júnior, e o vereador Genilson Costa (Composição de Paulo Dutra/CENARIUM)

BOA VISTA (RR) – O coronel Francisco das Chagas Lisboa Júnior, subcomandante da Polícia Militar de Roraima (PM-RR), preso nessa quarta-feira, 18, durante operação da Polícia Federal (PF), é investigado por associação ao tráfico de drogas para ajudar na compra de votos nas eleições municipais de 2024, para o vereador e presidente da Câmara Municipal de Boa Vista, Genilson Costa (Republicanos), também preso durante a operação.

“O inquérito policial aponta que o vereador, que já foi investigado em outros momentos por diversos crimes, teria recebido patrocínio do tráfico para o exercício de suas atividades parlamentares, inclusive, para a disputa à Presidência da Casa Legislativa municipal”, diz nota em site da PF.

A prisão do subcomandante ocorreu cerca de um mês depois do anúncio da nomeação dele para o cargo do alto escalão da PM-RR.

Coronel Lisboa Júnior assumiu o cargo de segunda maior importância da corporação, ficando atrás apenas do comandante-geral Miramilton Goiano, que foi um dos investigados na operação da PF, realizada em novembro deste ano, por suspeita de envolvimento no comércio ilegal de armas de fogo e munições no Estado.

Além disso, o subcomandante assumiu o posto após o governador de Roraima, Antonio Denarium (PP-RR), exonerar a primeira mulher subcomandante da PM-RR, coronel Valdeane Alves, que estava na posição há quase dois anos.

O governador de Roraima, Antonio Denarium, e o coronel Lisboa Júnior (Reprodução/Redes Sociais)

De acordo com a PF, o coronel prestava informação para Genilson sobre denúncias recebidas em relação a compra de votos investigada. O vereador, apontado como líder do esquema, realizava o pagamento de valores entre R$ 100 e R$ 150 em troca de votos. O crime era organizado em grupos de WhatsApp.

O candidato foi reeleito com 3.744 votos e preso em menos de 24 horas depois da diplomação realizada no dia 17.

A Cenarium procurou por meio de nota a PM-RR, Câmara Municipal de Boa Vita e o vereador Genilson Costa, para um posicionamento sobre o caso, mas até o momento não obteve nenhum retorno.

Busca e apreensão

Ao todo, a PF cumpriu 18 mandados de busca e apreensão e 14 mandados de prisão temporária, expedidos pela Justiça da 1ª Zona Eleitoral de Roraima.

Em documento obtido com exclusividade pela reportagem da CENARIUM, no pedido de busca e apreensão do órgão havia servidores da Assembleia Legislativa do Estado de Roraima (ALE-RR), Câmara Municipal de Boa Vista, além da PM-RR, com o coronel Lisboa.

No texto ainda é destacado que, com base nas anotações do próprio vereador, estima-se que cerca de R$ 4 milhões foram destinados à compra de votos.

O valor é superior, por exemplo, ao patrimônio de Genilson, que é de R$ 120 mil, e o total líquido de recursos para a campanha, que eram de R$ 514 mil.

Investigação sobre o caso

A investigação começou no dia 5 de outubro deste ano, quando a PF realizou a prisão de dez pessoas pelo crime de corrupção eleitoral. Um dos suspeitos era o vereador, que, na ocasião, estava disputando a reeleição no município de Boa Vista.

Além disso, no dia 6 do mesmo mês, os agentes da PF também conduziram uma busca e apreensão na residência do parlamentar, que identificou a prática de diversos crimes eleitorais, culminando com a prisão em flagrante do vereador pela prática dos crimes de corrupção eleitoral, lavagem de dinheiro e por posse de ouro em sua forma bruta.

No inquérito policial, Genilson foi investigado em outros momentos por diversos crimes, como patrocínio do tráfico para o exercício de suas atividades parlamentares, inclusive para a disputa à Presidência da Casa Legislativa municipal. Ele também é um dos possíveis nomes para assumir mais quatro anos à frente da presidência.

Por fim, os investigados podem ser indiciados por crimes de associação criminosa, corrupção eleitoral, falsidade ideológica eleitoral, transporte ilegal de eleitores, violação do sigilo do voto, bem como violação de sigilo funcional, prevaricação e lavagem de dinheiro.

A investigação faz parte da Operação Martellus, que tem como objetivo desarticular a associação criminosa que atuou durante o período eleitoral deste ano para comprar votos, além de praticar outros crimes eleitorais.

Leia mais: Vereador de Boa Vista, Genilson Costa é alvo de operação da PF

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