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Cotado como vice de Lula, Alckmin indica preocupação com fala do ex-presidente sobre reforma trabalhista
O ex-governador Geraldo Alckmin e o ex-presidente Lula (Arquivo)
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11 de janeiro de 2022
Com informações da Folha de S. Paulo
RIO DE JANEIRO e SÃO PAULO – Cotado para a vice da chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência, o ex-governador Geraldo Alckmin (sem partido) manifestou preocupação com a proposta de revogação da reforma trabalhista encampada por setores petistas.
Em café da manhã nessa segunda-feira, 10, com o presidente nacional do Solidariedade, o deputado federal Paulo Pereira da Silva (SP), “Paulinho da Força”, Alckmin pediu informações sobre a revogação de pontos da reforma trabalhista na Espanha e quis saber a opinião das centrais sindicais sobre o tema.
Segundo Paulinho, Alckmin disse que há apreensão no mercado sobre a possibilidade de revisão da reforma trabalhista conduzida pelo ex-presidente Michel Temer (MDB). O ex-governador também pediu que o deputado lhe encaminhasse material sobre o assunto, como suas sugestões de emendas.
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Na conversa, Paulinho oficializou o convite para que Alckmin se filie ao Solidariedade, onde, segundo o presidente do partido, o ex-tucano teria total liberdade e poderia compor a chapa com Lula.
A percepção de interlocutores de Alckmin é a de que ele abandonou de vez a ideia de concorrer ao Governo de São Paulo e tem mirado no plano nacional, falando de questões federais, como desemprego e isolamento em relação a outros países.
Ainda de acordo com Paulinho, o entendimento de Alckmin é o de que a chamada terceira via não tem chances na eleição — que deve ser decidida entre Lula e o presidente Jair Bolsonaro (PL). Com Alckmin vice, a vitória petista poderia vir no primeiro turno na avaliação dos aliados do ex-governador.
O movimento para unir Alckmin e Lula partiu do PSB, que filiaria o ex-tucano e estuda formar uma federação com o PT na eleição de 2022. Para isso, porém, os partidos teriam que unificar candidaturas a governador em cinco Estados.
O cenário mais difícil é o de São Paulo, em que Márcio França (PSB) e Fernando Haddad (PT) pleiteiam a candidatura a governador. O encontro com Paulinho sinaliza que Alckmin não depende da filiação ao PSB para compor a chapa com Lula —Solidariedade e PV também são opções, sobretudo num contexto em que as negociações entre PT e PSB estão travadas diante do impasse paulista.
Paulinho argumentou que o PSB tem se valido da negociação com o ex-governador de São Paulo para exigir apoio do PT a seus candidatos a governos estaduais. Alckmin admitiu a possibilidade de se filiar ao Solidariedade. Mas não deu resposta.
“Aqui [no Solidariedade], Alckmin não seria usado como moeda de troca”, disse Paulinho à Folha.
Segundo Paulinho, Alckmin não mencionou as recentes manifestações de Lula e da presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), favoráveis à iniciativa do governo espanhol, que revogou a reforma trabalhista local. O dirigente partidário foi quem iniciou a conversa sobre o tema.
No último dia 4, Lula publicou nas redes um post afirmando ser “importante que os brasileiros acompanhem de perto o que está acontecendo na reforma trabalhista da Espanha, onde o presidente [do governo] Pedro Sanchez está trabalhando para recuperar direitos dos trabalhadores”.
“Alckmin disse que está preocupado com a discussão que surge nos últimos dias sobre a revogação da reforma trabalhista”, afirmou Paulinho.
Em resposta, o ex-presidente da Força Sindical afirmou que as centrais não defendem a revogação da reforma, mas a regulamentação da possibilidade de fixação, em assembleia, do valor de contribuição sindical por categoria.
Para Paulinho, deveria haver liberdade de negociação entre os sindicatos e representações patronais —o valor da contribuição seria estabelecido em assembleias. “Revogar a reforma não nos agrada, achamos que não é necessário”, afirmou.
Alckmin se disse preocupado com a crise econômica, chegando a ressaltar a existência de moradores de rua até mesmo em Pindamonhangaba (SP), sua cidade natal.
Na Espanha, a nova reforma, chamada também de “contrarreforma”, revisa mudanças feitas em 2012 e que teriam impulsionado a precarização das condições de trabalho no país.
Entre as medidas, extingue os contratos por obra, limita os contratos temporários (que correspondem a cerca de 25% dos empregos no país) e estabelece regras mais rigorosas nas terceirizações.
Reportagem da Folha mostrou que quatro anos depois da entrada em vigor da reforma trabalhista, completados em novembro, o saldo é de queda no número de ações na Justiça do Trabalho, mas o número de empregos anunciado pelo governo à época ficou só na promessa.
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