Via Brasília – Da Revista Cenarium
5 dias, 4 versões
Cinco dias após o bombástico depoimento dos irmãos Miranda à CPI da Pandemia, já são quatro as versões apresentadas pelo governo para se afastar dos “rolos” e suspeitas que envolvem a compra das vacinas Covaxin. Uma delas foi desmentida e as demais têm grau de veracidade frágil. Primeiro a falar pelo governo sobre o caso, o ministro Onyx Lorenzoni disse que o documento apresentado pelo servidor do Ministério da Saúde, Luis Ricardo Miranda, seria falso e ameaçou colocar a Polícia Federal nos seus calcanhares. Depois, Onyx mudou a versão ao afirmar que a nota fiscal tinha “um erro”, depois corrigido.
Versão ‘surrada’
No único momento em que se pronunciou sobre o caso Covaxin, Bolsonaro apresentou a terceira e surrada versão de que “não sabia”, mas ainda silencia sobre o suposto envolvimento do seu líder do governo na Câmara, Ricardo Barros. Por fim, na quarta versão posta até agora, o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra, confirma na CPI o alerta de corrupção ao presidente, ao ler um discurso pronto, em que revelou o encaminhamento das denúncias ao ex-ministro Eduardo Pazuello. Com a saída do general do Ministério no dia seguinte a este episódio, o pedido de providências teria sido passado ao número 2 da Saúde na época, Élcio Franco.
Apuração suspeita
Franco, numa apuração recorde, nada teria achado de irregular, o que explicaria o prosseguimento das negociações e a assinatura do contrato bilionário com a empresa Precisa. O mais intrigante: a tal investigação não foi sequer mencionada por Franco, que dividiu com Onyx a participação em coletiva de apresentação da primeira versão do governo no escândalo das vacinas. Também não há qualquer registro no ministério das supostas apurações acerca do contrato de compra da vacina indiana. A cada dia, as versões sofrem ajustes, mas um fato se consolida: coisas estranhas acontecem nos corredores do Ministério da Saúde e no cerne do governo.
Superpedido
Para complicar o inferno astral do governo, mais uma denúncia vem à tona, desta vez sobre suposto pedido de propina para aquisição de vacinas AstraZeneca. Agora o governo agiu mais rápido, com a demissão sumária do funcionário supostamente envolvido por corrupção ativa. Mas, como na política o que vale é a melhor versão dos fatos, até agora a versão da cobrança de propina ganha cada vez mais corpo. Para fechar esta “superquarta”, 30, na fogueira das acusações, entidades, parlamentares da oposição e até alguns ex-aliados jogam mais gasolina ao anunciar a entrega de um “superpedido” de impeachment contra o presidente Bolsonaro, que unifica os 120 já existentes na Câmara, com 23 tipos de acusações.