Início » Sociedade » Covid-19 deixa rastro de mortes nas aldeias Mawé, após retirada de barreiras sanitárias
Covid-19 deixa rastro de mortes nas aldeias Mawé, após retirada de barreiras sanitárias
Compartilhe:
14 de outubro de 2020
Náferson Cruz – Da Revista Cenarium
MANAUS – A morte por Covid-19 do tuxaua-chefe, Plácido Dias de Oliveira, de 80 anos, um dos líderes Sateré-Mawé da aldeia Boa Vista, no rio Andirá, reascendeu alerta entre os povos indígenas que habitam a região dos rios Andirá, Marau e Uaicurapá, pertencentes aos municípios de Barreirinha, Maués e Parintins, respectivamente, no Baixo Amazonas.
Plácido foi mais um a entrar para a extensa lista de indígenas mortos pela Covid-19. Até esta quarta-feira, 14, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) contabilizava 844 óbitos e 36.082 casos confirmados em todo o país.
PUBLICIDADE
Para Josias Sateré-Mawé, presidente da Associação dos Kapi e das Lideranças Tradicionais do Povo Sateré-Mawé, um dos agravantes para repentina disseminação da Covid-19 nas reservas indígenas do Baixo Amazonas foi a retirada das barreiras sanitárias.
Em agosto, o último boletim da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) registrava 79 casos. Em pouco tempo já são 174 casos confirmados em 115 comunidades indígenas no Andirá, Marau e Uaicurapá e, pelo menos sete óbitos entre os Sateré-Mawé.
“Estamos de mãos atadas desde que as barreiras foram retiradas sem o nosso consentimento, isso fez com que aumentasse o fluxo de pessoas e, consequentemente, o aumento brusco de casos confirmados da Covid-19. Estamos à espera do posicionamento da Funai e da Sesai, pois cabe a estes órgãos o atendimento as comunidades na reserva indígena, mas até agora não estamos vendo nenhuma iniciativa das intituições. Entretanto, estamos atuando em áreas externas com a conscientização por meio de palestras e ações preventivas a doença”, disse Josias Sateré-Mawé.
Casos da Covid-19 cresceram 120% nas aldeias
De setembro até o início de outubro, somente em Parintins, o número de casos confirmados de doença do novo coronavírus (Covid-19) entre indígenas atendidos pelo Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) aumentou em 120%. Boa parte desse aumento foi puxado pelo aumento de casos entre o povo Sateré-Mawé da Terra Indígena Andirá-Marau, em Maués.
Segundo Josias Sateré, em algumas localidades como a do rio Andirá, onde há 56 comunidades indígenas, “as barreiras de contenção ao fluxo de pessoas foram mantidas, mas apenas para a fiscalização e combate a exploração de madeira a ao tráfico de drogas. Quanto a barreira sanitária, posta para fazer o controle do fluxo de pessoas na região, essa foi desabilitada”.
Demora na aprovação de plano
Os servidores da Funai que atuavam nas barreiras no Andirá e no Marau enviaram um novo plano de trabalho, mas reclamam da demora para aprovação interna no órgão.
Josias Sateré enfatiza que a grande maioria dos casos confirmados da Covid-19 nas comunidades do Andirá e do Marau, estão sendo tratados nas próprias aldeias. Ele relata que tanto os indígenas, como servidores da Funai, temem o agravamento dos casos, uma vez que, as aldeias e municípios próximos não há estrutura suficiente para lidar com casos mais graves.
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.
Este site usa cookies para que possamos oferecer a melhor experiência de usuário possível. As informações dos cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.
Cookies Estritamente Necessários
O cookie estritamente necessário deve estar ativado o tempo todo para que possamos salvar suas preferências de configuração de cookies.
Se você desativar este cookie, não poderemos salvar suas preferências. Isso significa que toda vez que você visitar este site, precisará habilitar ou desabilitar os cookies novamente.