Covid-19: especialistas acreditam que Brasil terá novo período com mais de duas mil mortes diárias

Sepulturas de vítimas da Covid-19, no Cemitério de Nossa Senhora, em Manaus, em 19 de junho de 2021 (Michel Dantas/AFP)
Com informações do G1

SÃO PAULO/PERNAMBUCO/MINAS GERAIS/DISTRITO FEDERAL – Trágico, horrendo, pavoroso, nefasto ou ultrajante. Nenhuma dessas palavras basta para definir o impacto das 500 mil mortes causadas pela Covid-19 no Brasil. Se faltam palavras, sobram perguntas, e uma das principais dúvidas que nos afligem é: o que ainda nos aguarda pela frente?

Em busca de respostas, o G1 ouviu 106 médicos de duas especialidades fundamentais na pandemia entre os dias 8 e 14. O objetivo era responder quatro questões que apontam perspectivas para o 2° semestre no Brasil.

Os entrevistados são infectologistas (médicos especializados em doenças infecciosas e parasitárias) e epidemiologistas (especializados no controle de doenças em grupos populacionais) que apontam, em sua maioria, que:

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Veja abaixo os detalhes de cada uma das perguntas que levaram ao apontamento destas perspectivas.

1 – Qual percentual da população terá recebido a primeira dose até o fim do ano?

Qual percentual da população terá recebido a primeira dose até o fim do ano? — Foto: Arte/G1
Qual percentual da população terá recebido a primeira dose até o fim do ano? (Arte/G1)

Entre 50 e 70% – “Outros países do mundo estão verificando essa dificuldade. A cobertura vacinal, talvez até o final do ano, não será de 100% da população. Talvez consigamos 70%, 75%, 80% no máximo da população de 18 anos com uma dose. E talvez uns 60% da população com duas doses. Isso atrapalha, mas é ao mesmo tempo um grande desafio. Vai possibilitar talvez oferecermos a vacina para toda população elegível acima de 18 anos porque, infelizmente, as coberturas vacinais não serão as ideais”, disse Renato Kfouri, infectologista, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

Apesar de a aplicação da 1ª dose ser um termômetro da disponibilidade de doses e do ritmo da vacinação no Brasil, os especialistas são unânimes em alertar que a imunidade contra a Covid só será conquistada com o regime completo com as duas doses.

“Temos que conseguir alta cobertura de duas doses e só a partir de 75-80% de cobertura da segunda dose conseguiremos controlar a pandemia. Antes disso não da para discutir imunidade coletiva ou controle da pandemia”, alerta Alfredo Scaff, epidemiologista da Fundação do Câncer.

2 – O Brasil vai começar a vacinar adolescentes acima de 12 anos ainda em 2021?

O Brasil vai começar a vacinar adolescentes acima de 12 anos ainda em 2021? — Foto: Arte/G1
O Brasil vai começar a vacinar adolescentes acima de 12 anos ainda em 2021? (Arte/G1)

NÃO – “Porque não terá vacina suficiente para vacinar este grupo e possivelmente não terá finalizado a vacinação da população acima de 18 anos. Esse não é o grupo com maior risco de adoecimento e morte. Vacinar antes dos pais não será efetivo”, Carla Domingues, epidemiologista e ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde.

3 – Será possível mudar os atuais protocolos (máscara, distanciamento e ventilação) com qual cobertura vacinal?

Será possível mudar os atuais protocolos (máscara, distanciamento e ventilação) com qual cobertura vacinal? — Foto: Arte/G1
Será possível mudar os atuais protocolos (máscara, distanciamento e ventilação) com qual cobertura vacinal? (Arte/G1)

Entre 70% e 90% – “De acordo com o estudo feito em Serrana, foi necessário vacinar em torno de 70% da população da cidade para reduzir número de mortes e manifestações graves da doença Considerando que temos outras vacinas no PNI com eficácia global mais alta, talvez a porcentagem de vacinados para relaxamento destas medidas seja menor.”, afirmou Pedro Rodrigues Curi Hallal, epidemiologista e ex-reitor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).

4 – Entre março e maio de 2020, a média diária de mortes ficou acima de 2 mil. Teremos novo período com média acima desse número?

Entre março e maio de 2020, a média diária de mortes ficou acima de 2 mil. Teremos novo período com média acima desse número? — Foto: Arte/G1
Entre março e maio de 2020, a média diária de mortes ficou acima de 2 mil. Teremos novo período com média acima desse número? (Arte/G1)

SIM – “Teremos um cenário de aumento de casos projetados, principalmente a partir da 2ª metade de julho/21 com o consequente aumento de óbitos em agosto; diversas instituições que projetam cenários e modelos epidemiológicos (como o Institute for Health Metrics and Evaluation – IHME), inferem que poderá haver até 3mil/óbitos/dia nesse período”, pontuou Alfredo Scaff, epidemiologista da Fundação do Câncer.

Abaixo, veja o nome dos especialistas que foram ouvidos pelo G1:

Adelino de Melo Freire Jr; Airton Tetelbom Stein; Alberto Chebabo; Alexandre Cunha; Alexandre Prehn Zavascki; Alexandre Sérgio da Costa Braga; Alfredo Scaff; Ana Luiza Bierrenbach; Ana Brito; Ana Cisne Frota; Ana Freitas Ribeiro; Ana Helena Germoglio; Ana Menezes; André Bon; Andre Machado de Siqueira; Anna Sara Levin; Bernardo Horta; Bruno Correia Scarpellini; Bruno Ishigami; Camila Almeida; Carla Domingues; Carlos Starling; Claudia Murta de Oliveira; Claudia Neto Gonçalves Neves da Silva; Cristiane Lamas; Cristina Barroso Hofer; Demetrius Montenegro; Denise Garrett; Eliana Bicudo; Enny Paixao; Estevão Urbano Silva; Ethel Maciel; Expedito Luna; Fábio Lopes Pedro; Fernando José Chapermann; Fernando Raphael de Almeida Ferry; Filipe Prohaska Batista; Flavia Gibara; Francisco Ivanildo de Oliveira Junior; Fredi Alexander Diaz Quijano; Gabriel Aureliano Serrano; Gerson Salvador; Gubio Soares Campos; Guilherme Lima Castro Silva; Guilherme Pivoto; Gustavo Romero; Helena Brígido; Henrique Marconi Pinhati; Isabella Ballalai; Jamal Suleiman; Joana Darc Gonçalves da Silva; João Paulo França; José David Urbaez Brito; Julia Moreira Pescarini; Karen Mirna Loro Morejón; Keny Colares; Kléber Giovanni Luz; Leandro Curi; Leonardo Weissmann; Lívia Ribeiro Gomes Pansera; Luana Araújo; Lucia Campos Pellanda; Marcelo Ferreira da Costa Gomes; Marcelo Gomes dos Santos; Marcelo Otsuka; Marcio Bittencourt; Marcio Nehab; Marco Aurélio Safadi; Marcos Davi Gomes de Sousa; Marcos Junqueira do Lago; Maria Aparecida de Assis Patroclo; Maria de Fatima Pessoa Militão de Albuquerque; Maura Oliveira; Melissa Bianchetti Valentini; Melissa Falcão; Mirian Dal Ben; Munir Ayub; Nazareth Fabíola Rocha Setúbal; Otavio Ranzani; Patrícia Guttmann; Paulo Sérgio Ramos; Pedro Rodrigues Curi Hallal; Plinio Trabasso; Rafael da Silveira Moreira; Raquel Muarrek; Raquel Stucchi; Regina Coeli Ramos; Renato Kfouri; Renato Grinbaun; Robério Leite; Roberto da Justa Pires Neto; Rodrigo Guerino Stabeli; Rosana Richtmann; Sylvia Hinrichsen; Tânia Vergara; Tazio Vanni; Thalita Fernandes de Abreu; Tiago Lôbo; Unai Tupinambás; Valéria Paes Lima; Vera Magalhães; Victor Bertollo Gomes Porto; Victor Grabois; Werciley Saraiva Vieira Junior e Wladimir Queiroz.

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