Com informações do InfoGlobo
SÃO PAULO — No Brasil e no mundo, grande parte das grávidas não está com esquema vacinal completo. Dados do Ministério da Saúde revelam apenas cerca de 35% das gestantes e puérperas estão vacinadas.
Diante do avanço da Ômicron e da recente explosão do número de casos de Covid-19 no País, especialistas alertam para a necessidade dessas mulheres completarem a vacinação e aumentarem os cuidados preventivos. Além da mãe, a doença também é prejudicial à saúde do bebê.
“As gestantes estão em risco elevado de contrair Covid-19, especialmente pela Ômicron. É necessário lembrar que a própria gravidez é uma condição em que o sistema imune tem uma queda em seu funcionamento”, diz o ginecologista obstetra Fernando Prado, membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e diretor clínico da Neo Vita.
Maior letalidade e risco para o bebê
Um estudo recente feito Observatório Obstétrico Brasileiro COVID-19 (OOBr) mostra que gestantes e puérperas hospitalizadas sem qualquer vacinação têm 5,26 vezes mais chances de ir a óbito do que aquelas que receberam duas doses.
O levantamento mostrou que entre as mulheres grávidas ou que acabaram de dar à luz e que não estão internadas, a letalidade, considerando-se exclusivamente os casos graves, é de 14,6%. Por outro lado, no grupo com pelo menos uma dose, a porcentagem cai para 9,3%. Entre aquelas com esquema vacinal completo – duas doses -, o risco é ainda menor: 3,2%.
Outro levantamento feito pelo Observatório Obstétrico Brasileiro (OOBr), após retorno de dados do Open DataSUS mostrou que aumentou 94% o número de internações de gestantes e puérperas (mulheres no período pós-parto) por síndrome respiratória aguda grave (SRAG) no início de 2022, em comparação com dezembro do ano passado.
De acordo como o observatório, a proporção de casos de internações em UTI é menor, “provavelmente fruto da vacinação”. Diante disso, a instituição alerta para o aumento da atenção a este público e da necessidade de reforçar a vacinação completa.
Além do risco de morte, uma complicação comum entre gestantes com Covid-19 é o risco de prematuridade ou mesmo de o bebê nascer morto. Pesquisa feita pelo Hospital das Clínicas da USP mostrou que os partos prematuros chegam a 63% em mães que tiveram Covid-19 na gestação. Entre os nascimentos prematuros, 28,1% apresentavam idade gestacional inferior a 32 semanas.
“Além da queda na imunidade, com o crescimento do útero, a ventilação pulmonar fica prejudicada, favorecendo a infecção dos pulmões pela Covid-19. Tanto as grávidas quanto os bebês ficam mais sujeitos a riscos, inclusive de morte”, diz o médico.
Notícias falsas
Por outro lado, a vacina, além de proteger a mãe, também protege e não causa danos ao bebê. Entretanto, notícias falsas sobre os riscos da vacina para a criança provavelmente contribuíram para muitas gestantes não se vacinarem.
“No início as grávidas não foram incluídas nos estudos sobre a segurança da vacina e essa falta de informação acabou por causar insegurança. Evidências posteriores demonstram segurança das vacinas para as grávidas e seus bebês. As crianças que nasceram de mães que foram vacinados para Covid-19 não apresentaram qualquer alteração ou malformação que fosse em decorrência da vacinação”, afirma o médico.
Intensificar os cuidados
Além de completar o esquema vacinal, é importante intensificar as medidas de proteção individual. “Os cuidados de uso de máscara, distanciamento e higienização das mãos devem continuar, pois também ajudam a evitar o contágio da gripe, considerando que tivemos um aumento dos casos de Influenza no final do ano “, acrescenta Prado. As gestantes também fazem parte do grupo de risco para gripe.